Em meio à crise provocada pelo surto da COVID-19, o Brasil conseguiu aumentar suas exportações de petróleo para a Ásia na primeira metade de 2020, se aproveitando dos cortes realizados por outros fornecedores, como parte de uma estratégia liderada pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) para reduzir a oferta do produto.
Para não ficarem à mercê do mercado, titãs das refinarias da China planejam compra conjunta de petróleohttps://t.co/gOIdVgBdZp
— Sputnik Brasil (@sputnik_brasil) June 30, 2020
A Ásia importou uma média de 1,07 milhão de barris por dia do combustível brasileiro no primeiro semestre, o que representa uma alta de 30% na comparação com 2019, segundo dados de fluxos de comércio do Refinitiv Eikon citados pela Reuters.
De acordo com operadores, a Petrobras teria oferecido a refinarias do continente asiático acordos competitivos por seu petróleo, com baixo teor de enxofre, no momento em que a China e outros países reabriam suas economias e enquanto governos do Ocidente endureciam as medidas de isolamento e suspensão das atividades econômicas para combater a propagação do novo coronavírus.
Apresentamos sólido desempenho operacional no 2T20. Nossa produção média de óleo e gás natural foi 6,4% maior do que a do mesmo período em 2019 e atingimos em abril recorde de exportação de petróleo, com 1MM de barris por dia. Conheça: https://t.co/8kpKFfYnp2#ResultadosPetrobras pic.twitter.com/tzntmpFPMg
— Petrobras (@petrobras) July 21, 2020
"Os mercados asiáticos sempre foram demandantes por petróleo brasileiro. E as exportações de petróleo do Brasil para a Ásia, especialmente para a Índia e para a China, vêm crescendo. As exportações brasileiras, cada vez mais, estão sendo destinadas a esses mercados asiáticos, a partir, principalmente, do aumento da produção do pré-sal", destaca Décio Oddone, ex-presidente da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Em entrevista à Sputnik Brasil, o especialista explica que o fenômeno da COVID-19 se somou a mudanças das especificações dos combustíveis marítimos. A partir de janeiro deste ano, foi reduzida a quantidade de enxofre que pode estar contida nos combustíveis que as embarcações utilizam, o que favoreceu o produto brasileiro.
"Isso aumentou a demanda por petróleos com baixo teor de enxofre, como os petróleos leves produzidos no pré-sal brasileiro. O que aumentou o interesse do mercado asiático, especialmente chinês, por esses petróleos."
Atualmente, segundo a Petrobras, a China responde por 70% do petróleo exportado pelo Brasil. Isso pode ser explicado, em parte, pelo interesse chinês em aproveitar os baixos preços dos últimos tempos para fazer estoques, afirma Oddone, sublinhando que, para ele, os mercados da Ásia continuarão demandando grandes volumes de petróleo brasileiro.
"Essa nova especificação, por combustíveis marítimos com menor teor de enxofre, aumenta o interesse pelo petróleo do pré-sal. Então, acredita-se que os mercados asiáticos, especialmente o mercado chinês, continuarão demandando petróleo do pré-sal nos próximos anos. Isso é uma notícia muito boa para o Brasil, que tem o seu petróleo bastante valorizado nos mercados internacionais."