A medida é defendida pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, que afirma que permitir a possibilidade de reajuste para algumas carreiras, como policiais, médicos e professores, poderia representar um aumento de despesas entre R$ 98 bilhões e R$ 120 bilhões aos cofres da União, estados e municípios.
A Câmara reverteu a derrota sofrida pelo governo nesta quarta-feira (19) no Senado, que queria desidratar a medida.
Em entrevista à Sputnik Brasil, o cientista político Antônio Marcelo Jackson, professor da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), atribui o sucesso na votação à liberação de verbas para deputados que fazem parte do chamado bloco do Centrão.
"O que fez Bolsonaro foi abrir o cofre, foi liberar uma série de verbas que esses deputados desejavam para suas chamadas bases eleitorais. Todo aquele discurso de dizer que estamos em crise e que não há dinheiro para aumentar o salário dos professores e dos médicos é para ser esquecido. Nessa hora para liberar dinheiro para o Centrão isso é tranquilo para Jair Bolsonaro", afirmou.
O termo Centrão é o nome genérico dado a partidos políticos de um grupo político informal da Câmara dos Deputados. Tal grupo de partidos costuma se aproximar do governo em períodos distintos em trocas de cargos e verbas governamentais.
"Efetivamente o que está demonstrado desde o início é que não existe uma articulação política, uma relação boa com o Congresso. O que existe é o que nós temos aqui até agora é que parece que o governo não tem necessariamente uma proposta de governo e que, na prática, é o Congresso Nacional que vem pautando as decisões. Particularmente a Câmara dos Deputados, quase como o Rodrigo Maia funcionando como um primeiro-ministro nessa história", analisou.
O cientista político afirma que Bolsonaro "sempre foi fraco nas duas Casas Legislativas".
"Base governista é uma expressão quase relativa, quase uma metáfora em se tratando de Jair Bolsonaro", disse.