Pesquisas feitas por cientistas da Universidade de Washington, EUA, revelaram que um animal que viveu há 250 milhões de anos podia estar em hibernação, indica o portal EurekAlert.
Os cientistas relatam no estudo, publicado na quinta-feira (27) na revista Communications Biology, evidências de um estado de hibernação após analisar fósseis de um animal do gênero listrossauro, que viveu na região antártica durante o período do Triássico Inferior, entre quase 252 milhões de anos atrás e pouco mais de 247 milhões de anos atrás.
Estes parentes distantes de mamíferos surgiram pouco antes da maior extinção em massa na Terra, que ocorreu no final do período Permiano, há 252 milhões de anos, e dizimou cerca de 70% das espécies então existentes.
Os listrossauros quadrúpedes viveram por mais cinco milhões de anos, habitando várias regiões do então único continente na Terra, o supercontinente Pangeia.
"O fato de o listrossauro ter sobrevivido à extinção em massa no final do Permiano e estar tão difundido no início do Triássico fez dele um grupo muito bem estudado de animais para entender a sobrevivência e adaptação", afirma Christian Sidor, coautor do estudo.
Os fósseis estudados são a evidência mais antiga de um estado semelhante à hibernação em um animal vertebrado.
"Os animais que vivem nos polos ou perto deles sempre tiveram de lidar com os ambientes mais extremos ali presentes. Essas descobertas preliminares indicam que entrar em um estado de hibernação não é um tipo relativamente novo de adaptação. É antigo", explica Megan Whitney, autora principal do estudo.
Hoje, os paleontólogos podem encontrar fósseis de listrossauros na Índia, China, Rússia e partes da África e Antártica. O estudo compara os fósseis do animal encontrados na Antártica e na África do Sul.
Base da pesquisa
Foi o par de presas na mandíbula superior dessas criaturas que permitiu que a pesquisa fosse realizada. Tal como nos elefantes, as presas dos listrossauros cresceram continuamente ao longo de suas vidas. Uma vez examinadas, elas fornecem informações sobre a história de vida do animal, seu metabolismo, crescimento e o estresse ao qual foi submetido.
As presas dos animais das duas regiões mostraram padrões de crescimento semelhantes, mas os fósseis da Antártica tinham uma característica adicional que era rara ou ausente nas presas dos animais que viviam mais ao norte: anéis grossos e pouco espaçados.
"O análogo mais próximo que podemos encontrar das 'marcas de estresse' que vemos nas presas do listrossauro antártico são as marcas de estresse nos dentes associadas à hibernação em certos animais modernos", comenta Whitney.
No entanto, ainda não é possível concluir definitivamente que os listrossauros estavam passando por uma verdadeira hibernação. O estresse pode ter sido causado por outra forma letargia como, por exemplo, uma redução metabólica de duração mais curta.