Já embarcado em um navio cargueiro, o primeiro Gripen da FAB deve chegar ao porto de Navegantes, em Santa Catarina, no dia 20 de setembro. Um piloto brasileiro já conduziu a aeronave em testes na fábrica da Saab, na Suécia, e o período de testes e otimização deve prosseguir agora em solo brasileiro, com participação da Embraer.
Uma foto muito interessante e histórica: nosso primeiro #Gripen FAB4100, a bordo do navio Elke AG, aguardando para seu atracamento em Navegantes, em 21/09/2020.@Defaereanaval @poderaereo @RFA_digital @alexgalante @tecnodefesa @embraer @saabdobrasil @aero_in @aerodefesa pic.twitter.com/Gd4BqNpJwP
— Brigadeiro Baptista Jr (@CBaptistaJr) September 14, 2020
Com um custo de R$ 16,8 bilhões, o Brasil fechou a compra das aeronaves em 2014. Além dos próprios caças, rebatizados de F-39 pela FAB, o acordo também prevê a transferência de tecnologia e a montagem de 15 unidades no Brasil — processo que deve começar em 2021.
Em entrevista à Sputnik Brasil, o jornalista e especialista em assuntos militares Pedro Paulo Rezende relembra que o processo de escolha da Saab foi atravessado pelo escândalo de espionagem da NSA revelado por Edward Snowden.
"O Gripen levou a melhor na concorrência por uma questão política, e Dilma, na época, queria se aproximar dos Estados Unidos e a preferência dela era pelo F/A-18, que inclusive era um avião que oferecia menos transferência de tecnologia ao Brasil. Mas havia a intenção dela de se aproximar dos Estados Unidos, aí explodiu o escândalo da NSA, ela descobriu que a NSA espionava os e-mails pessoais dela", diz Rezende.
Além da invasão da comunicação da presidente brasileira, também foi revelado que havia ações de espionagem contra a Petrobras, o Ministério de Minas e Energia e diversos outros políticos e líderes mundiais. Dilma, então, optou por fechar com a Saab.
Rezende destaca que existiam outras possibilidades na mesa, como um "pacote excelente" da França e seu avião de combate Rafale e da Rússia, que oferecia "o Sukhoi 35s como um avião interino e nos ofereceu parceria no Sukhoi 57, que é um avião furtivo que ainda está em desenvolvimento e vai ficar pronto, provavelmente, em 2024".
O analista destaca que a Saab investe, no momento, em três possíveis contratos de venda de seus caças. Os possíveis mercados são Canadá, Finlândia e Índia. De acordo com Rezende, um mercado maior para os caças Gripen pode significar um menor custo de manutenção das aeronaves brasileiras.
Para o jornalista, o novo avião de combate do Brasil é poderoso, mas não está no mesmo patamar das melhores aeronaves do mundo.
"O Gripen, em termos de América Latina, é um bom avião, ele é um pouco superior em termos de desempenho aos Sukhoi 30 que a Venezuela tem e vai ficar no mesmo nível dos F-16 chilenos, que vão ser modernizados e são os aviões mais avançados da América Latina. Em termos internacionais, ele não oferece grande coisa em relação a concorrentes já estabelecidos no mercado."