Uma anomalia climática, que ocorre a cada 100 anos, coincidiu com o período da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e aumentou substancialmente o já elevado número de mortes entre todos os lados do conflito, no qual cerca de 8,5 milhões de soldados perderam suas vidas, sugere um estudo publicado na revista GeoHealth.
Segundo os autores da União Geofísica Americana (AGU, na sigla em inglês), o fenômeno responsável pelo excesso de baixas foi um conjunto de chuvas intensas acompanhadas de ventos glaciais. As zonas azuis mais escuras no mapa da Europa representam áreas com maior precipitação relativamente à média de 1900-1930, localizadas frequentemente em zonas de conflito. A estrela indica o glaciar onde as amostras de gelo foram coletadas.
A guerra foi conduzida principalmente entre trincheiras. Assim, as chuvas teriam enchido esses abrigos, afogando soldados, veículos militares e cavalos, o mesmo acontecendo em crateras de bombas.
Os cientistas argumentam que o período em que este fenômeno ocorreu com maior intensidade coincidiu ou precedeu imediatamente as batalhas mais mortíferas.
A precipitação e frio excessivo persistiram até finais de 1919, contribuindo também para a propagação da pandemia da gripe espanhola, responsável por três milhões de mortes na Europa e 100 milhões no mundo inteiro. Os pesquisadores suspeitam que o frio alterou os padrões de migração do pato-real, uma ave que serviu como reservatório natural para espalhar A/H1N1, o vírus responsável pela doença.
O estudo explica que a anomalia fatal surgiu como resultado de um sistema de baixa pressão que permaneceu na região islandesa por todos aqueles anos, alterando a circulação atmosférica, e que como consequência trouxe umidade do Atlântico e ar frio do Ártico para a Europa.