A moeda americana acumula uma alta de 40% comparada à brasileira no ano, maior queda em uma lista de 30 países, conforme publicou o jornal Valor Econômico.
Apesar dos números, o economista José Cezar Castanhar, especialista em Finanças Públicas, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), explica que a taxa de câmbio tem que ser vista do ponto de vista estratégico.
"Essa análise da taxa de câmbio tem que ser pensada em uma perspectiva mais estratégica e não apenas nos efeitos de curto prazo e apenas pensando nos efeitos sobre o mercado cambial", disse à Sputnik Brasil.
Segundo Castanhar, os efeitos do real desvalorizado no curto prazo são, de fato, negativos.
"Os efeitos de curto prazo são principalmente alguma pressão sobre a inflação, que já está ocorrendo em alguns produtos agrícolas. Mas, mesmo nesse sentido, a desvalorização acontecendo neste momento é o menor dos males. A economia brasileira está em uma situação de grande anemia, fazendo um esforço enorme para se recuperar de um tombo gigantesco provocado pela pandemia", explicou.
O economista atribui a desvalorização do real também à política do Banco Central de reduzir a taxa de juros.
"É bom lembrar que o real já vinha sendo desvalorizado desde o ano passado e uma das razões principais para isso foi a decisão do Banco Central de começar a baixar de maneira mais agressiva [a taxa de juros] para tentar estimular a retomada do crescimento da economia", afirmou.
"No médio e no longo prazo o efeito é mais positivo do que negativo porque ele restaura a competitividade de setores importantes da economia brasileira, especialmente os serviços e para a indústria que teve nos últimos 15 e 20 anos um desempenho bastante negativo nas exportações", destacou.
Por fim, José Cezar Castanhar defende que a política econômica não deve se basear somente em fortalecer a moeda nacional.
"Qualquer ação do governo não deveria ser para fortalecer o real. Um país em desenvolvimento que tem uma moeda não conversível, que passou por crises cambiais severas ao longo da sua história, ter uma política para valorizar o real é um equívoco. A política tinha que ser exatamente a oposta, para tentar manter uma taxa de câmbio competitiva, que estimule o setor produtivo da economia brasileira", completou.