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Bolsonaro 'caiu nos braços da velha política', afirma especialista

© REUTERS / Adriano MachadoPresidente do Brasil, Jair Bolsonaro, discursa na tomada de posse do novo ministro da Saúde Eduardo Pazuello, Palácio do Planalto, Brasília, Brasil, 16 de setembro de 2020
Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, discursa na tomada de posse do novo ministro da Saúde Eduardo Pazuello, Palácio do Planalto, Brasília, Brasil, 16 de setembro de 2020 - Sputnik Brasil
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Personalidades influentes da direita como o comentarista Caio Coppolla e o ideólogo Olavo de Carvalho criticaram duramente o presidente da República nesta semana, após Jair Bolsonaro ter indicado o desembargador Kassio Nunes para o STF.

Jair Bolsonaro se encontrou com o indicado à vaga no STF, Kassio Marques, e com o ministro Dias Toffoli, durante o fim de semana, causando um rebuliço nas redes sociais e desagradando aliados e apoiadores do presidente.

O cientista político e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Rodrigo Prando, em entrevista à Sputnik Brasil, afirmou que "não se pode dizer que há um racha na base de apoio bolsonarista". De acordo com ele, o presidente Bolsonaro tem ao redor uma ala mais ideológica, sendo que figuras como Caio Coppolla, Silas Malafaia, Olavo de Carvalho, ainda que por questões distintas, são "ideologicamente ligados aos valores apresentados publicamente pelo bolsonarismo".

"Agora, na política tem aquilo que é dito, o que é praticado e aquilo que você gostaria. O presidente Bolsonaro, na campanha, se aproveitou demasiadamente deste perfil dos bolsonaristas, porque eles, especialmente nas redes sociais, inflamam a militância, e isso pro Bolsonaro é algo absolutamente gratificante, perceber o quanto suas ideias e seus valores acabam eletrizando as redes e até as ruas", argumentou.

"Agora, na política é necessário governo. Bolsonaro fez campanha, foi eleito e precisou governar. Desta maneira, o radicalismo dos bolsonaristas raiz acaba de certa maneira atrapalhando aquilo que se espera de um mínimo de governabilidade do presidente", acrescentou.

De acordo com o especialista, desde a prisão de Fabrício Queiroz em meados do ano, e até mesmo o fato do presidente ter contraído a COVID-19, Bolsonaro "amainou o discurso e tentou se afastar de figuras mais polêmicas".

"Até porque ele se encontrou com a tão falada 'velha política'. Aquela velha política condenada por Bolsonaro e pelo bolsonarismo está presente no centrão, que hoje dá um apoio considerável ao presidente República", afirmou o cientista político.

'Presidencialismo de confrontação'

O especialista destacou que o presidente Jair Bolsonaro, ao assumir o governo, buscou "enterrar o chamado presidencialismo de coalizão e substituiu pelo presidencialismo de confrontação".

"Ele passou a confrontar o Congresso Nacional e passou a confrontar o Supremo Tribunal Federal [STF]. O que aconteceu? Bolsonaro ficou isolado politicamente, como nunca antes na história republicana, praticamente todos os governadores fizeram o contrário do que o presidente estava advogando durante a pandemia, e sucessivas derrotas ou problemas no STF com investigações que ainda estão em curso", disse.

De acordo com o cientista político, o presidente percebeu que precisaria dialogar e fazer concessões, "e aí ele caiu nos braços da chamada velha política, representada pelo centrão".

"Então a base dessa crise é a diferença que existe entre o que você fala, portanto o discurso político, a campanha eleitoral, o dia a dia de uma campanha e o dia-a-dia do governo, a necessidade de você ter governabilidade para conseguir colocar não apenas ideias, mas projetos que se tornem concretos", completou.

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