Arqueólogos da Universidade de Sydney e pesquisadores do Instituto de Arqueologia da Academia Chinesa de Ciências Sociais de Pequim reconstruíram as antigas rotas de migração sazonal dos pastores da Idade do Bronze em Xinjiang, noroeste da China. Os resultados foram publicados na revista científica PLOS ONE na quarta-feira (4).
A pesquisa utilizou uma metodologia inovadora. Para determinar a cobertura de neve e os ciclos da vegetação, cruciais para a sobrevivência das pessoas da Idade do Bronze e seus rebanhos, os cientistas examinaram imagens de satélite e evidências arqueológicas, além de entrevistar pastores modernos.
"Este modelo detalhado de como as pessoas da Idade do Bronze capitalizaram os recursos em seu ambiente ajuda muito na compreensão da Rota da Seda pré-histórica", afirma ao portal Phys.org Peter Jia, principal autor do estudo.
"Por exemplo, nossos estudos etnográficos explicaram por que certos locais foram e ainda são escolhidos ao longo das estações: pela presença de grama precoce e tardia, potencial de pastagem ideal no verão e a ausência de cobertura de neve no inverno […] A análise de imagens de satélite, juntamente com os resultados de pesquisas arqueológicas e escavações, nos permitiu testar esses relatos anedóticos e provar sua precisão", explica Jia.
"A partir de evidências arqueológicas anteriores, era difícil determinar como os pastores da Idade do Bronze se adaptaram à vida em Xinjiang e usaram a paisagem em que se estabeleceram […] Agora temos um novo método validado para determinar a temporada em que as pessoas ficaram em um local", acrescenta Alison Betts, coautora do estudo.
Metodologia pioneira
A investigação combinou tecnologia de satélite de ponta com trabalho de campo etnográfico e arqueológico. O estabelecimento de ciclos de crescimento para a vegetação de pastagens e a estimativa da profundidade da neve usando imagens de satélite permitiu aos pesquisadores avaliar a adequação de diferentes partes das montanhas para o pastoreio em diferentes estações.
Comparando esses dados com os relatos de pastores locais da Mongólia e do Cazaquistão, os cientistas descobriram que os relatos coincidiam muito.
"A arqueologia é um dos poucos campos que fornece compreensão sobre como os humanos interagiram com o meio ambiente no passado […] Com o agravamento das condições ambientais em todo o mundo, é fundamental analisar essa história. Essa tarefa exige que conectemos disciplinas acadêmicas e cooperemos internacionalmente. Nosso estudo é um bom exemplo disso", conclui Gino Caspari, também coautor do artigo.