A emissora estatal EBC informou nesta terça-feira (10) sobre a tomada do aeroporto, em mais um episódio de um conflito que fica cada vez mais intenso, que já registra centenas de mortes, e alguns temem que possa se converter em uma guerra civil, dada a profunda hostilidade entre os tigrínios e o governo de Abiy Ahmed, que pertence ao grupo étnico majoritário Oromo.
Várias forças de Tigré se renderam durante a tomada do aeroporto da cidade de Humera, que fica próxima da fronteira com Sudão e Eritreia. Além disso, os militares tomaram o controle de uma rodovia que liga a cidade com a fronteira sudanesa, segundo a emissora local de TV Fana.
A agência Reuters, por sua vez, assinalou que não foi possível confirmar a informação e não houve uma resposta imediata da Frente de Libertação Popular de Tigré (TPLF, na sigla em inglês), que governa o estado com mais de 9 milhões de pessoas.
Conflito na região de Tigré, no norte da Etiópia ocorreu depois que tropas federais lançaram uma ofensiva na região https://t.co/qeI9Zwj1f4
— Sputnik Brasil (@sputnik_brasil) November 9, 2020
Abiy, que ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 2019, ordenou ataques aéreos e enviou tropas para Tigré na semana passada, após acusar a TPLF de atacar uma base militar. Os tigrínios dizem que o governo de Abiy os oprime e discrimina, e agiu de forma autocrática ao cancelar uma eleição nacional.
A União Africana, cuja sede fica na capital etíope Adis Abeba, pediu a realização de conversas de paz para que se estabeleça um cessar-fogo.
"O presidente [da UA, Moussa Faki Mahamat] pede o fim imediato das hostilidades e que as partes respeitem os direitos humanos e garantam a proteção dos civis", disse a organização em comunicado.
De acordo com os jornalistas da Reuters que estiveram ontem (9) em Tigré e na região vizinha de Amhara, caminhões cheios de milicianos e caminhonetes com metralhadoras foram vistos deslocando-se para a linha de frente do conflito para apoiar o governo federal.
Aviões de guerra bombardearam depósitos de armas e outros alvos, segundo ambas as partes do conflito. Além disso, Trabalhadores humanitários e fontes de segurança relataram que havia intensos combates no terreno.
Segundo a Reuters, fontes militares e de segurança do setor das tropas federais em Amhara disseram que cerca de 500 pessoas morreram em Tigré, além de centenas de militares nacionais.