No início de 1973, no gelo do mar de Weddell, na costa da Antártica uma grande polínia foi formada. Outra polínia foi formada no mesmo lugar em meados de 2017.
Um grupo de pesquisadores dos EUA, Austrália e EAU estudaram as regularidades de formação de buracos nos glaciares no oceano Antártico e descobriram que as polínias apareceram devido a correntes estreitas de ar quente e úmido, também conhecidas como rios atmosféricos, que surgem de vez em quando, segundo estudo publicado na revista científica Science Advances.
"As polínias influenciam muito a dinâmica física e ecológica do oceano Antártico", de acordo com Kyle Mattingly, cientista do Instituto da Terra, Oceano e Atmosfera da Universidade Rutgers. "Elas servem como enormes 'janelas' no gelo do mar que permitem grande quantidade de calor se mover do oceano à atmosfera, alterando a circulação do oceano regional e global. Também influenciam os prazos e escalas de expansão de fitoplânctons, que são a base da cadeia alimentar marinha."
Os rios atmosféricos levam ar quente e úmido da costa da América do Sul à região polar, aquecendo a superfície do gelo do mar e a tornando mais vulnerável ao degelo. As polínias de mar têm superfícies de milhares de quilômetros quadrados e são formadas em certos lugares, dependendo das condições locais de circulação do oceano.
Futuramente, devido às alterações climáticas, os rios atmosféricos serão mais frequentes, mais largos e mais estendidos, além de se tornarem mais eficazes de mover grandes quantidades de vapor d'água através do oceano Antártico e do continente. Os deslocamentos de grandes massas de vapor d'agua para a costa da Antártica provocará, além de aquecimento adicional, aumento da intensidade de precipitações.
Consequentemente, cientistas preveem surgimento de novos buracos no gelo da costa, aproximação da borda do gelo dos polos e elevação do nível do mar. A região do mar de Weddell exige atenção especial, alertam especialistas.