A Turquia acredita erroneamente que a situação em Nagorno Karabakh pode ser resolvida pela força e é aqui que Moscou e Ancara discordam, disse o porta-voz do presidente russo, Dmitry Peskov.
"Neste caso, a Turquia, de nosso ponto de vista, acredita erroneamente que a paz pode ser alcançada pela força [...] Aqui divergimos em nossas opiniões", declarou Peskov em entrevista à emissora RT.
Da mesma forma, a autoridade ressaltou a importância que a Rússia dá ao relacionamento tanto com a Armênia quanto com o Azerbaijão.
"Nós valorizamos nossa amizade histórica com o povo do Azerbaijão e com o povo da Armênia, e somente tal aproximação permitiu à Rússia ter o papel de intermediador imparcial", complementou.
O porta-voz também refutou as críticas que têm sido feitas à Rússia quanto a uma "ajuda insuficiente" à Armênia no contexto do conflito.
"As críticas daqueles que escrevem no Facebook em relação à Rússia são totalmente infundamentadas. O presidente da Rússia disse claramente que a Rússia não esquece suas obrigações derivadas da Organização do Tratado de Segurança Coletiva em caso de ataque, seja por quem for, ao território de um aliado, ao território da Armênia. A Rússia, naturalmente, fará todo o possível para proteger seu aliado. O presidente da Rússia falou sobre isso", explicou.
Papel de Putin
Em 27 de setembro deste ano, o Azerbaijão e a Armênia iniciaram uma nova escalada do conflito pela região disputada de Nagorno-Karabakh.
No último dia 9, os dois lados aceitaram o fim das hostilidades e assinaram a respectiva declaração, enquanto uma força de paz russa foi enviada para a região de litígio a fim de observar o cumprimento do cessar-fogo.
O processo de negociações contou com a participação do presidente russo Vladimir Putin, que, de acordo com Peskov, desempenhou um papel-chave.
"Este papel foi fundamental [...] A assinatura [da declaração] foi precedida de muitos dias de trabalho intenso, por vezes quase por 24 horas. Esse foi o trabalho do presidente Putin", disse.
Ainda quanto ao envio da força de paz russa, o porta-voz afirmou:
"Não, recebemos o direito de enviar uma força de paz somente depois de os lados em conflito concordarem com isso e de introduzi-la na linha divisória. Simplesmente enviar tropas, ainda mais para Nagorno-Karabakh, a Rússia não tinha tal direito pelas leis internacionais."
Derrubada de helicóptero russo pelo Azerbaijão
Ainda no dia 9, um helicóptero militar russo Mi-24 foi abatido pela defesa antiaérea do Azerbaijão na fronteira entre este país e a Armênia.
Logo em seguida, o Azerbaijão reconheceu ser culpado de derrubar a aeronave, tendo expressado condolências às famílias dos tripulantes falecidos.
Comentando o assunto, Peskov disse:
"A reação imediata dos azeris, a reação momentânea do presidente do Azerbaijão e a declarada prontidão do Azerbaijão em realizar uma investigação imparcial sobre as circunstâncias e punir os culpados [nos] possibilitou aceitar tais desculpas."