A partir de observações no Laboratório Nacional de Los Alamos, Novo México, EUA, cientistas detectaram um novo extremo em pontos críticos de atividade de raios, chamados de superbolts: raios intensos que brilham até mil vezes mais do que os raios normais. Os pesquisadores utilizaram satélites para medir os eventos extremos de raios e os resultados foram publicados recentemente na revista científica JGR Atmospheres.
"Queríamos ver quais são realmente os limites [dos superbolts] […] É sobre quão grandes e brilhantes eles podem ficar", explica Michael Peterson, autor principal do estudo, citado pelo portal ScienceAlert.
Superbolts foram detectados pela primeira vez a partir de dados de satélite na década de 1970, sendo descritos como raios poderosos, com enorme quantidade de energia. Desde então, os cientistas têm debatido o que realmente conta como superbolt, porque as medições feitas por diferentes instrumentos podem variar.
O vídeo abaixo mostra relâmpagos de tempestades nos EUA durante quatro dias em abril de 2018. É possível ver que as nuvens perto da borda da tempestade são frequentemente iluminadas por grandes relâmpagos. Grandes relâmpagos estacionários também ocorrem em pequenas tempestades isoladas.
"Quando você vê um relâmpago vindo do espaço, vai parecer muito mais escuro do que se você visse do nível do solo porque as nuvens bloqueiam parte da luz", comenta Peterson.
Raio de 3 terawatts de potência
O novo estudo analisa dados coletados de um detector preso a satélites meteorológicos e enviado à órbita para registrar relâmpagos, dia e noite, nas Américas e nos oceanos adjacentes a cada dois milissegundos. O equipamento mede o brilho total dos relâmpagos dentro das nuvens e entre as nuvens, além dos raios que atingem o solo.
Os pesquisadores analisaram dois anos de dados de raios que brilharam 100 vezes mais do que um raio típico e encontraram cerca de dois milhões de eventos intensos o suficiente para serem chamados de superbolt.
Quando os cientistas aumentaram a barreira para eventos com raios pelo menos mil vezes mais brilhantes do que um relâmpago comum, eles identificaram pontos-chave de atividade energética do superbolt. Os casos mais radiantes se concentraram na região central dos EUA e na bacia do rio da Prata, que abrange Uruguai, Paraguai e partes da Argentina e do Brasil.
"Um raio até excedeu três terawatts de potência, milhares de vezes mais forte do que um raio comum […]. Compreender esses eventos extremos é importante porque nos diz do que um raio é capaz", afirma Peterson.
O pesquisador destaca também um relâmpago que detectou em 2018, que se estendeu por cerca de 700 quilômetros através do céu e durou quase 17 segundos.