Um estudo divulgado nesta quarta-feira (9) pela Rede de Observatórios da Segurança comprova que a letalidade policial no Brasil é muito maior entre os negros. Todos os dados que embasaram a pesquisa foram obtidos através da Lei de Acesso à Informação, e comparados com o censo do IBGE.
Segundo informações publicadas pela revista Época, o estudo com dados de 2019 fornecidos pela Lei de Acesso à Informação identificou que a Bahia registrou o maior número proporcional de mortes por policiais no ano passado: 97% dos 650 mortos eram pessoas negras. Este percentual é muito maior do que taxa de população negra no estado, que é de 76%, segundo o IBGE.
Em Pernambuco, 93% dos mortos pelos agentes eram pessoas negras. A taxa de negros na população do estado é de 61,9%.
O estudo classifica a omissão de dados como "inaceitável" e ressalta o Ceará como o caso "mais grave" entre os cinco estados analisados.
O Rio de Janeiro aparece logo em seguida na proporcionalidade: 86% das 1.814 mortes do tipo em 2019 foram de pessoas negras, que representam 51% da população.
Questionado sobre os dados, o governo do Rio disse que a política de segurança é baseada em inteligência e tecnologia das polícias. "A atuação das polícias tem sempre, como princípio, a preservação das vidas. Os números do Instituto de Segurança Pública (ISP) comprovam isso: de janeiro a outubro de 2020 houve uma queda de 30,8% nas mortes por intervenção de agentes do estado em relação ao mesmo período de 2019", informou o governo.
Já em São Paulo, do total de mortos pela polícia, mais de 62% são negros, quase o dobro da população negra do estado, que representa 34% dos paulistas.
A Secretaria da Segurança de São Paulo disse não conhecer a metodologia da pesquisa e esclareceu que o compromisso das forças de segurança do estado é "com a vida, razão pela qual medidas para a redução de mortes são permanentemente estudadas e implementadas pela pasta".