O deserto congelado abriga aproximadamente 5.500 pesquisadores, dedicados a estudar a história do planeta e os efeitos das mudanças do clima global. Uma vez que o gelo se forma com a acumulação anual de neve, as camada inferiores são mais antigas e suas amostras podem revelar informações sobre o passado.
A proporção de diferentes isótopos de hidrogênio e oxigênio oferece informação sobre a temperatura nos tempos antigos. Já o ar preso em pequenas bolhas pode ser analisado para determinar o nível de gases atmosféricos como o dióxido de carbono.
"O objetivo é perfurar um núcleo de gelo perto do que se considera a parte vulnerável do manto gelado, o manto da Antártica Ocidental. Olhando para a amostra, devemos ser capazes de dizer se ele desapareceu ou recuou em momentos no passado, quando o tempo era mais quente do que é agora. Esperamos, e acreditamos, que o gelo tenha cerca de 150 mil anos no fundo", afirmou o professor Eric Wolff da Universidade de Cambridge (Reino Unido), conforme cita o tabloide Express.
O doutor Roberto Mulvaney, coordenador do Programa de Ciências da Pesquisa Britânica da Antártica, explicou como uma só amostra poderia ajudar a prever o futuro do planeta Terra.
"Há muitas coisas que você pode medir no gelo, quase tudo o que é introduzido na atmosfera. Poluição, gases, ou coisas naturais na atmosfera, de alguma forma, se foram transportados para as regiões polares, esses registros estão disponíveis para sempre", salienta o pesquisador.
"Porém, se recuarmos 125 mil anos, estamos em outro período quente e o clima era bastante semelhante ao de hoje, talvez um pouco mais quente", comentou Mulvaney.
Para o pesquisador, os segredos enterrados por milênios nas camadas de gelo são análogos ao que poderemos presenciar daqui a cerca de 100 anos.