Encontrada em 2014 e estudada desde então, finalmente detalhes sobre uma cruz de prata da Idade Média são revelados. A qualidade do objeto indica que deve ter sido encomendada por um clérigo de alto nível ou mesmo um rei, escreve o jornal The Guardian.
Os quatro braços da cruz contêm os símbolos dos quatro evangelistas que escreveram os Evangelhos do Novo Testamento: São Mateus (homem), Marcos (leão), Lucas (vaca) e João (águia).
De acordo com o dr. Martin Goldberg, curador principal dos Museus Nacionais da Escócia, o objeto representa um trabalho "espetacular" de artesanato anglo-saxão.
"Não há realmente um paralelo. Isso se deve em parte ao período de tempo ao qual as peças pertencem. Imaginamos que muitos tesouros eclesiásticos foram roubados dos mosteiros: é isso que o registro histórico da era Viking nos descreve. Este é um dos sobreviventes. A qualidade da obra é simplesmente incrível. É um verdadeiro privilégio ver isto após 1.000 anos."
O fato de a cruz ter sobrevivido com sua cadeia espiral intricada indica que teria sido usada e suspensa do pescoço.
"Você quase podia imaginar alguém tirando-a do pescoço e enrolando a corrente ao redor dela para enterrá-la no chão. Ela tem esse tipo de toque pessoal."
"A limpeza revelou que a cruz, feita no século IX, [tem] um estilo de decoração anglo-saxônica tardia. Este parece ser o tipo de coisa que seria encomendada aos mais altos níveis da sociedade. Os primeiros filhos eram geralmente reis e senhores, os segundos filhos se tornariam clérigos de alto escalão. É provável que viesse de uma dessas famílias aristocráticas", teoriza.
O objeto foi encontrado pela primeira vez em 2014 durante uma escavação na Escócia em um conjunto de mais de 100 artefatos de ouro e prata da era Viking do final do séc. IX, conhecido como Galloway Hoard, o maior encontrado no Reino Unido e na República da Irlanda. Apesar de tudo, os arqueólogos ainda desconhecem o propósito da existência do acervo, bem como o da cruz, enterrada com os outros objetos.
A exibição dos objetos será realizada a partir de 19 de fevereiro de 2021 no Museu Nacional da Escócia, em Edimburgo, Reino Unido.