Fora do campo de batalha: como pode 'morrer' um navio militar?

© Sputnik / Pacific fleet of the United States Navy / Acessar o banco de imagensEquipe de bombeiros combate incêndio a bordo do navio de assalto anfíbio americano USS Bonhomme Richard em San Diego, nos EUA
Equipe de bombeiros combate incêndio a bordo do navio de assalto anfíbio americano USS Bonhomme Richard em San Diego, nos EUA - Sputnik Brasil
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Nem todas as embarcações mencionadas afundaram, mas todas sofreram algum tipo de perda, incluindo em vidas humanas, com especialistas revelando o que se deve fazer para evitar que tais incidentes ocorram.

Muitas das tragédias navais acabam em danos severos que, não só impedem a reutilização rápida dos navios, como também os tornam inutilizáveis ao ponto de ser mais fácil construir outros.

Os casos seguintes são alguns dos exemplos de embarcações que sofreram uma "morte" prematura.

Fator humano

O navio de assalto anfíbio USS Bonhomme Richard entrou em serviço em 15 de agosto de 1998, tendo custado US$ 1,5 bilhão (R$ 7,6 bilhões) e demorado três anos a construir.

Esse navio participou com sucesso da invasão do Iraque pelos EUA em 2003, tendo estado em todos os oceanos do Mundo, menos o Ártico, tendo a tripulação acumulado muita experiência até o fatídico dia 12 de julho de 2020.

Na época, a embarcação estava realizando uma manutenção periódica, quando na manhã desse dia houve uma explosão e surgiu um incêndio a bordo. As chamas gradualmente cobriram o compartimento de carga, onde estavam armazenados o material e equipamentos dos fuzileiros, passando depois para a doca e o hangar, levando mais tarde à queda da superestrutura e danificando partes do convés de voo e outras cobertas.

Apesar de a razão do desastre não ter sido nomeada, foram avançadas duas teorias, a de um incêndio intencional e a do desrespeito pelas normas de segurança durante trabalhos de soldagem.

© AP Photo / Denis PoroyFumaça subindo do navio USS Bonhomme Richard na base naval San Diego, EUA, 12 de julho de 2020, após uma explosão e incêndio a bordo
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Fumaça subindo do navio USS Bonhomme Richard na base naval San Diego, EUA, 12 de julho de 2020, após uma explosão e incêndio a bordo

No total, os custos de uma possível reparação foram estimados em de US$ 2,5 bilhões (R$ 12,67 bilhões) a US$ 3,2 bilhões (R$ 16,21 bilhões) e o prazo em sete anos, tornando sua reparação pouco atrativa.

Colisões imprevistas

O destróier USS Fitzgerald dos EUA, lançado à água em 14 de outubro de 1995, e o navio mercante ACX Crystal, um porta-contêineres hasteando a bandeira das Filipinas e que entrou em serviço em agosto de 2008, colidiram em 17 de junho de 2017 umas 56 milhas da base naval japonesa de Yokosuka.

Embora ambos os navios tenham sobrevivido ao acidente, o mesmo não aconteceu a sete dos marinheiros, que se afogaram. Além disso, só as ações rápidas e eficazes dos militares impediram que os danos abaixo da linha d'água do USS Fitzgerald fossem fatais.

© Foto / NHK TVColisão do USS Fitzgerald com o ACX Crystal em 17 de junho de 2017
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Colisão do USS Fitzgerald com o ACX Crystal em 17 de junho de 2017

O comandante do destróier e três oficiais foram demitidos e acusados de negligência, condução perigosa do navio e homicídio involuntário, apesar de as acusações serem retiradas mais tarde.

Apenas dois meses depois, o destróier USS John S. McCain se chocou com o navio mercante Alnic MC, igualmente à velocidade máxima, resultando em dez mortes e cinco feridos entre os marinheiros após provocar uma grande brecha na secção de alojamentos, bem como em sala de motor auxiliar e sala de comunicações.

O navio de guerra teve de entrar em um porto próximo para reparação, com o comandante sendo acusado de negligência e homicídio involuntário e o almirante Scott Swift, comandante da Frota do Pacífico dos EUA, renunciando ao seu posto. Também aqui é considerado que o desrespeito das regras da navegação marítima internacional pode ter originado o incidente.

Culpa da tripulação

A fragata norueguesa HNoMS Helge Ingstad, que entrou em serviço em 2009, embateu no petroleiro maltês Sola TS já em 8 de novembro de 2018, perto da comuna de Oygarden, no sudoeste da Noruega.

© AFP 2023 / Marit HommedalFragata norueguesa KNM Helge Ingstad se enche de água após colisão com o petroleiro maltês Sola TS em Hjeltefjord, perto de Bergen, Noruega, 10 de novembro de 2018
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Fragata norueguesa KNM Helge Ingstad se enche de água após colisão com o petroleiro maltês Sola TS em Hjeltefjord, perto de Bergen, Noruega, 10 de novembro de 2018

O enorme buraco de dez metros a estibordo levou ao afundamento do navio, com a tripulação sendo evacuada. Após um falhanço inicial, em março de 2019 o navio foi levado à base naval de Hakonsvern em Bergen, não muito longe do local.

Ainda não foi decidido o que fazer com a embarcação, mas a investigação determinou que a tripulação falhou por não ter ligado o transponder AIS, dispositivo que transmite dados para o Sistema de Identificação Automática internacional.

Mau tempo ou negligência?

Não só a OTAN, a Rússia também tem tido situações semelhantes, como em 27 de abril de 2017, quando a cerca de 15 milhas náuticas da cidade turca de Kilyos o navio de reconhecimento Liman colidiu com o navio Youzarsif H, sob a bandeira do Togo, que estava transportando gado para a Jordânia.

Como resultado, houve um rombo a estibordo abaixo da linha d'água. A tripulação lutou pela sobrevivência do navio, mas a água entrava rápido demais, obrigando os marinheiros a abandonar a embarcação. A Guarda Costeira turca e a tripulação do Youzarsif H salvaram toda a tripulação do Liman.

Também aqui a razão do acidente não foi determinada, sendo que Sergei Losev, assessor de imprensa do Consulado-Geral da Rússia em Istambul, Turquia, considerou que o nevoeiro pode ter tido influência, embora especialistas militares referissem que um navio de reconhecimento teria facilmente detectado o enorme Youzarsif H seja durante a noite, seja com neblina.

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