Donald Trump, tendo falhado em impedir Joe Biden de ganhar presidência, pode estar prestes a realizar uma série de perdões em suas últimas semanas na Casa Branca.
Edward Snowden, ex-agente da Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês) que vazou informações confidenciais, e está agora na Rússia, e Julian Assange, o fundador do WikiLeaks, podem entrar na lista de perdão de Trump.
Apesar de Donald Trump descrever Snowden como um "traidor total", e que o presidente russo Vladimir Putin o entregaria para tratar "duramente" dele, o ex-agente da agência norte-americana continua na Rússia.
Em 4 de dezembro, Snowden disse: "Senhor presidente, se você conceder apenas um ato de clemência durante o seu mandato, por favor: liberte Julian Assange. Apenas você pode salvar a vida dele."
Assange está atualmente na prisão Belmarsh em Londres, aguardando uma decisão em 4 de janeiro sobre a sua extradição para os EUA sob acusação de espionagem, o que poderia levá-lo a uma sentença de 175 anos.
Outros candidatos
Trump concedeu 29 indultos enquanto estava no cargo, incluindo o ex-assessor de Segurança Nacional, Michael Flynn, que foi acusado de fazer "declarações falsas e fraudulentas" ao Departamento Federal de Investigação (FBI, na sigla em inglês) a respeito da natureza dos contatos entre a campanha Trump e o embaixador russo Sergei Kislyak durante a campanha eleitoral de 2016.
Em agosto, Trump perdoou Alice Johnson, uma ativista da justiça penal afro-americana, John Ponder, ex-ladrão de bancos, e Susan B. Anthony, a fundadora do movimento de sufrágio feminino, que morreu em 1906.
Entre possibilidades não controversas, Russell Bradley Marks, de 57 anos, passou 28 anos na prisão depois de se declarar culpado de seu envolvimento em um anel de cocaína em 1992, mas alegando que era apenas um agente de baixo nível, enganado por seu conselho.
O ex-assessor de Trump, Rick Gates, foi condenado a 45 dias de prisão e três anos de liberdade condicional em 2019 por ajudar Paul Manafort a esconder US$ 75 milhões (R$ 383,3 milhões).
Outra pessoa em busca de absolvição é George Papadopoulos, a primeira pessoa condenada no chamado Russiagate, que disse anteriormente à Sputnik que estava sendo espionado por razões diferentes que o alegado, bem como usado para minar a presidência Trump.
Elliott Broidy, angariador de fundos para o presidente, declarou-se em outubro culpado de conspirar de violar leis de lobby em nome dos interesses chineses e malaios, mas seria uma escolha controversa.
Outro dos candidatos seria Paul Manafort, que foi condenado por não revelar contas bancárias estrangeiras ou se registrar como lobista estrangeiro para o governo do ex-presidente ucraniano Viktor Yanukovich.
A pièce de résistance seria um perdão para Stephen Bannon, ex-presidente-executivo do portal Breitbart, e estrategista-chefe de Trump na campanha eleitoral de 2016, que enfrenta atualmente acusações federais de conspiração para cometer fraude bancária e lavagem de dinheiro por causa de uma campanha de financiamento coletivo em apoio à construção de um muro ao longo da fronteira entre os EUA e o México.
Qualquer perdão de antigo membro da administração Trump seria controverso, mas quem quer que ele perdoe, dificilmente vencerá a controvérsia criada pela decisão em 1974 do então presidente Gerald Ford de perdoar seu predecessor Richard Nixon em meio ao escândalo de Watergate.