"A volta segura ao trabalho é importante e a vacinação em massa é decisiva e um fator crítico de sucesso para o bom desempenho da Economia logo a frente”, disse o ministro Paulo Guedes. pic.twitter.com/NN8lMz9ftO
— Ministério da Economia (@MinEconomia) January 25, 2021
Após o início da vacinação no Brasil com a CoronaVac, na semana passada, o governo de São Paulo espera receber nesta semana mais insumos — IFA (Ingredientes Farmacêuticos Ativos) — da China para a fabricação de cerca de 5,5 milhões de doses do imunizante.
Na última sexta-feira (22), a diretoria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso emergencial de outras 4,8 milhões de doses da vacina que estavam prontas no Instituto Butantan, na capital paulista. E, no sábado (23), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, iniciou a distribuição pelo Brasil das vacinas da AstraZeneca, desenvolvidas em parceria com a Universidade de Oxford.
Neste momento, a população brasileira conta somente com esses dois imunizantes. E, até agora, pouco mais de 580 mil pessoas já tomaram a primeira dose de alguma das vacinas no Brasil, gerando certa apreensão quanto à velocidade da vacinação no país.
Mesmo após a vacinação contra a COVID-19 ter sido iniciada oficialmente no último domingo (17), o Brasil ainda demorará alguns meses para ver o número de infectados diminuir, segundo um epidemiologista ouvido pela Sputnik Brasilhttps://t.co/PIkRoHDjTc
— Sputnik Brasil (@sputnik_brasil) January 20, 2021
"Nós fizemos uma política de distribuição de vacinas que foi decidida só pelo Ministério da Saúde, quando quem aplica a vacina são os municípios e quem distribui a vacina são os estados. Então, tem aí um equívoco que eu ainda acho que deverá ser trabalhado", afirma o médico Gonzalo Vecina Neto, fundador e primeiro diretor da Anvisa e professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP).
Em entrevista à Sputnik Brasil, o especialista destaca que antes da "confusão com a China", que atrasou a entrega dos IFA para o Butantan e para a Fiocruz, a programação era de que, contando com a produção dessas duas instituições, o país teria 350 milhões de doses de vacinas até o final do ano, suficientes para vacinar, com sobras, os 160 milhões de brasileiros maiores de 18 anos (o imunizante não foi testado em menores). Mas, com esse atraso na obtenção dos insumos, já há preocupações, segundo Vecina, com as capacidades produtivas brasileiras para 2021.
"Já estou vendo que isso vai avançar para 2022, tristemente, por causa do embargo que a China está fazendo ao envio dos IFA para o Brasil. Vamos ver o que vai acontecer."
- Embaixada da China nos informou, pela manhã, que a exportação dos 5400L de insumos para a vacina Coronavac, aprovada e já estão em vias de envio ao 🇧🇷, chegando nos próximos dias.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) January 25, 2021
- Assim também os insumos da vacina Astra-Zeneca que estão com liberação sendo acelerada. (Segue)
Embora, segundo o governo brasileiro, a exportação dos insumos chineses para a produção de vacinas pelo Butantan já esteja normalizada, analistas têm defendido que, para facilitar o acesso da população às vacinas contra a COVID-19, o ideal seria que o país tivesse um número maior de vacinas aprovadas para uso. Recentemente, a farmacêutica brasileira União Química, desenvolvedora da Sputink V no Brasil, manifestou o interesse no registro da vacina russa em território nacional.
Na última quinta-feira (21), representantes da empresa se reuniram com membros da Anvisa para trocar informações sobre o imunizante russo e sobre as etapas regulatórias exigidas para avançar com os estudos clínicos no Brasil. Nesta segunda-feira (25), o corpo técnico da agência brasileira se reuniu com integrantes da Administração Nacional de Medicamentos, Alimentos e Tecnologia Médica (ANMAT) da Argentina para falar sobre a vacina russa, aprovada para uso emergencial no país vizinho no final do ano passado.
De acordo com Vecina, devido à atual legislação, a Anvisa é obrigada a exigir a realização de uma fase III de testes clínicos no Brasil para que um determinado imunizante tenha seu uso aprovado em território nacional, o que, em sua opinião, "prejudica bastante a possibilidade do registro emergencial da Sputnik V".
"Então teríamos que, ou pedir um registro definitivo ou mudar a lei. Não vejo outra saída. Diferentemente da Pfizer e da Janssen, que fizeram já os seus estudos de fase III e podem fazer o pedido de registro emergencial."
Por se tratar também de um investimento, um pedido de registro só vale a pena ser feito se houver perspectiva de vendas daquela vacina. Tanto no caso da Pfizer como no caso da Janssen, segundo o médico, "aparentemente, o compromisso dessas duas empresas de fazer entregas de vacinas para o Brasil é um volume pequeno, que não interessa ao Ministério da Saúde".
"Em relação à Sputnik V, ela poderá [pedir registro] se tiver volume."