Contudo, não seria a primeira fez que os EUA o fariam contra a nação em questão.
Em 1998, quando Mianmar ainda era chamado de Burma, os EUA impuseram sanções ao país pela primeira vez, após os militares suprimirem violentamente um protesto. A partir de então, as sanções foram sendo aliviadas ao longo das décadas, conta o jornal South China Morning Post.
Gradualmente, as restrições impostas por Washington foram se dissipando, graças às reformas implantadas pelo presidente Thein Sein e pela libertação de Suu Kyi, tendo as sanções sido canceladas completamente pelo ex-presidente democrata Barack Obama em 2016.
Contudo, em 2019, o ex-presidente americano, Donald Trump, introduziu novas sanções contra os líderes militares de Mianmar, sob acusações de assassinato extrajudicial de muçulmanos rohingyas.
Quais foram os efeitos das sanções?
Em primeiro lugar, deve-se sublinhar que Mianmar é um dos países mais pobres da Ásia.
Sanções econômicas, incluindo reduções em ajuda financeira, bloqueio de acesso a ativos e reversão de fluxos de investimento, causaram "danos abrangentes" a Mianmar, de acordo com Heng Kai, pós-doutorando da Universidade de Xiamen, na China.
As sanções foram um "ataque indiscriminado que afetou não só o governo militar, mas também o desenvolvimento econômico de todo o país", explicou Heng, citado pela mídia chinesa.
O que poderá fazer Joe Biden?
Xu Liping, pesquisador do Instituto de Estudos da Ásia-Pacífico da Academia Chinesa de Ciências Sociais, acredita que as sanções devem ser direcionadas a Min Aung Hlaing e seus companheiros. Porém, as sanções de Biden poderiam ser aliviadas se a Prêmio Nobel Suu Kyi for libertada, supõe o pesquisador.
Heng Kai, por outro lado, questiona a verdadeira eficácia que teriam as restrições, uma vez que "os EUA e o Ocidente já impuseram sanções contras líderes militares de Mianmar por causa do conflito [com a comunidade] rohingya, o que não faria sentido tomar medidas semelhantes de novo."
Como deverá reagir a China?
Pequim tem estado bastante silenciosa em sua resposta aos eventos em Mianmar. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Wang Wenbin, declarou na terça-feira (2) que a China espera que todas as partes possam lidar adequadamente com suas diferenças sob uma estrutura constitucional e legal, mantendo a estabilidade sociopolítica, informa o South China Morning Post.
Xu Liping acredita que a situação, provavelmente, deixaria os investidores chineses nervosos sobre a continuação de seus projetos em Mianmar, podendo ter um impacto negativo nos acordos planejados entre os dois governos.
Heng Kai, por sua vez, pensa que se os EUA impusessem sanções a Mianmar, isso poderia empurrar o governo militar mianmarense para mais perto do gigante asiático.