O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, afirmou que os EUA devem remover as sanções que atualmente impedem a cooperação de Teerã com países estrangeiros e retornar ao Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês) se realmente quiserem descontinuar as políticas do ex-presidente Donald Trump.
"Foram os EUA que saíram do acordo, foram os EUA que violaram o acordo, foram os EUA que puniram qualquer país que mantivesse o respeito e cumprisse o acordo. Portanto, cabe aos EUA retornar ao acordo, para implementar suas obrigações", comentou o chanceler persa em entrevista à emissora CNN no domingo (7).
O presidente dos EUA, Joe Biden, por sua vez, sinalizou, também no domingo (7), durante uma entrevista à emissora CBS, que só vai suspender as sanções depois que o Irã interromper o enriquecimento de urânio além dos limites estabelecidos no acordo nuclear de 2015.
"O Irã reduziu alguns de seus compromissos em linha com o acordo [nuclear]. A forma para voltar ao cumprimento total por parte do Irã é os EUA, que abandonaram totalmente o acordo, voltarem", explicou Zarif à CNN.
O chanceler persa enfatizou que a administração Biden precisa decidir se os EUA querem se afastar das políticas do ex-presidente norte-americano ou se basear nos "fracassos" de Trump, o que inevitavelmente levará a mais fracassos por parte de Washington.
Questionado se o Irã queria alguma compensação dos EUA, Zarif esclareceu que os EUA "precisam remover as sanções e compensação nunca foi uma pré-condição", acrescentando que o Irã está pronto para discutir a questão apenas quando os EUA voltarem a negociar.
No domingo (7), o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, afirmou que os EUA não têm o direito de impor condições a Teerã quanto ao acordo nuclear. Khamenei enfatizou também que os EUA devem cancelar as sanções "não no papel ou em palavras, mas na realidade".
O JCPOA foi celebrado em 2015, mas não chegou a três anos de existência. Em 2018, a administração Trump anunciou sua saída unilateral do acordo nuclear, alegando violação do documento por parte do Irã, apesar de inspeções internacionais confirmarem que não houve incumprimento. Washington retornou à política de "pressão máxima" contra a nação persa. Isso levou Teerã a aumentar gradualmente a produção de urânio enriquecido.