Segundo o Politico, pelo menos dezenas de conversas entre os líderes dos dois países permanecem em segredo, e o entendimento do que eles discutiram ajudará a perceber se Trump revelou alguma informação classificada ou fez alguns acordos que poderiam "pegar de surpresa a nova administração".
"Eles não precisam de nossa aprovação para ver estas [gravações]. Biden possui todos os materiais telefônicos. Há apenas um presidente neste momento", disse um ex-funcionário da Casa Branca da administração Trump, se referindo à nova equipe de Joe Biden encarregada pela segurança nacional.
Segundo mídia, a administração Biden não informou se viu ou não o conteúdo das ligações. No entanto, nota-se que o Conselho de Segurança Nacional não chegou a registrar qualquer reclamação ao acesso às transcrições dos telefonemas da administração anterior.
Ainda assim, o jornal ressalta que Trump "guardou cuidadosamente" suas conversas privadas com líderes estrangeiros enquanto estava no cargo, tendo, às vezes, limitado o acesso às conversas a empregados e membros do gabinete a fim de prevenir vazamentos. Embora as conversas não fossem gravadas, os secretários, como regra, as ouviam e transcreviam tudo. As transcrições separadas, incluindo as conversas com Putin, não foram eliminadas, tendo sido enviadas ao Arquivo Nacional dos EUA, segundo ex-funcionário da administração Trump.
O ex-presidente dos EUA era especialmente cuidadoso com privacidade nas conversas com o líder russo, confiscando as notas de seu intérprete ou até mesmo abrindo mão de tradutores e notadores em suas reuniões. "Há certas coisas que o presidente e seu pessoal imediato devem ser capazes de ter privilégios para exercer o trabalho de governar, sem serem sujeitos a um jogo partidário constante", disse outro ex-funcionário de Trump.
Marina Gross, que interpretou muitas ligações e reuniões de Trump com Putin, expressou que ouvindo as conversas dos dois muitas vezes se sentiu como se estivesse grampeando dois amigos conversando em um bar, escreve o jornal.
No entanto, ex-assessores de Trump afirmam ao jornal que Trump raramente disse a Putin algo que não anunciava publicamente.
"Trata-se de nossa prioridade de segurança nacional – descobrir o que Trump disse a Putin", constatou um dos ex-funcionários de segurança nacional, que agora trabalha com o novo presidente dos EUA, admitindo, no entanto, que "algumas coisas que aconteceram em alguns encontros cara a cara, onde não havia nem intérprete americano nem anotador, podem nunca ser conhecidas completamente".