De acordo com a agência Associated Press, uma multidão se reuniu na praça Beyazit, em Istambul, segurando cartazes de parentes desaparecidos, que eles acreditam que estão sendo mantidos em campos de detenção na China, e gritando palavras de ordem contra Pequim.
Dezenas de uigures, políticos da oposição turca e acadêmicos também se reuniram perto da embaixada chinesa em Ancara, enquanto Wang se encontrava com o ministro das Relações Exteriores turco, Mevlut Cavusoglu, e, mais tarde, com o presidente Recep Tayyip Erdogan.
"Pedimos à Turquia que apoie o Turquestão Oriental [o nome dado pela dissidência uigur para a região chinesa de Xinjiang]", disse Burhan Uluyol, que se juntou ao protesto em Istambul. "Apelamos à Turquia para que não vire as costas ao nosso povo uigur por causa de algum benefício econômico", acrescentou o manifestante, citado pela AP.
Os uigures são um grupo turco nativo da região de Xinjiang que buscam refúgio na Turquia há décadas por causa de seus laços culturais com o país do Oriente Médio. Antes uma apoiadora da causa uigur, a Turquia tem sido menos enfática na defesa da minoria étnica nos últimos anos, após uma maior aproximação com Pequim.
O governo chinês, por sua vez, nega a existência de campos de detenção de muçulmanos uigures em Xinjiang, e afirma que se tratam de centros de treinamento profissionalizante e de reeducação de pessoas expostas a extremistas.
Recentemente, a China ratificou um tratado de extradição com a Turquia que foi assinado anos atrás, o que gerou temores entre a comunidade uigur de que eles poderiam ser mandados de volta ao país de onde fugiram. A Turquia, por sua vez, ainda não ratificou o acordo.
As autoridades dos dois países, no entanto, insistem que o projeto de extradição não tem como objetivo a deportação de uigures.
Wang chegou a Ancara em uma turnê regional que já passou pela Arábia Saudita e também o levará a Irã, Emirados Árabes Unidos, Omã e Bahrein, antes de retornar a Pequim no dia 30 de março.