O dia será longo para o ministro Ernesto Araújo. Desde ontem (28), senadores pedem sua demissão e, caso isso não aconteça, prometem ir ao Supremo Tribunal Federal para pedir um processo de impeachment.
Os senadores Alessandro Vieira e Randolfe Rodrigues disseram que enviarão para o STF um pedido pelo impeachment do ministro, escreve o portal G1.
"Esse pedido de impeachment do chanceler Ernesto Araújo será apresentado junto ao STF. É a instituição que tem a competência para julgar crimes de responsabilidade de ministros de Estado. Vários senadores já estão subscrevendo esse pedido, diante da gravidade dos atos de Ernesto Araújo", disse o senador.
A pressão do meio político para Ernesto deixar o cargo cresce a cada dia. No Congresso, a visão é de que o ministro falha na atuação para trazer vacinas contra a COVID-19 para o Brasil. Além disso, a postura dele de embate com países como a China é considerada prejudicial para as exportações brasileiras.
O pedido afirma que a conduta de Ernesto pode ser encaixada nas definições de crime de responsabilidade previstas na lei. Uma das citadas pelo pedido é a do artigo 5º da lei 1079 de 1950: "cometer ato de hostilidade contra nação estrangeira, expondo a República ao perigo da guerra, ou comprometendo-lhe a neutralidade".
Tensões com parlamentares
Na última quarta-feira (24), o presidente da Câmara, Arthur Lira, cobrou do ministro das Relações Exteriores uma ação mais efetiva na busca por vacinas. Neste mesmo dia, Ernesto ouviu de vários parlamentares pedidos para que deixasse o cargo.
Na noite de ontem (28), ele foi às redes sociais para atacar a senadora Kátia Abreu, presidente da comissão de relações exteriores do Senado, sugerindo que ela havia feito lobby para a China na questão do 5G no Brasil.
A declaração de Ernesto foi vista como desespero por senadores, uma tentativa de tirar o foco da pressão por sua demissão. Vários senadores prestaram solidariedade a Kátia Abreu, criticando o chanceler com palavras duras. Enquanto Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, falou em desserviço ao país, a senadora chamou Ernesto de "marginal".