Em progressivos movimentos diplomáticos, os EAU vêm expandindo políticas de reconciliação entre países, e atualmente, desenvolvem um papel pacificador no Oriente Médio, de acordo com a Bloomberg.
De suas mais recentes empreitadas, se destaca a assinatura dos Acordos de Abraão em setembro de 2020. Foi o príncipe herdeiro de Abu Dhabi, Mohammed bin Zayed, um dos principais interlocutores para a assinatura do acordo entre Israel e os EAU, trazendo normalização às relações bilaterais e abertura da Embaixada Israelense no país. O governo emiradense também foi, em 2018, um dos responsáveis pelo acordo de paz de entre a Etiópia e a Eritreia.
Nesse ano, os Emirados foram mais longe, ao promoverem a intermediação de negociações entre a Índia e o Paquistão, dois vizinhos de histórica rivalidade e severos conflitos. A mediação levou a um anúncio inesperado em 25 de fevereiro de que os rivais do sul da Ásia respeitariam seu acordo de cessar-fogo de 2003, apesar do aumento das tensões entre as duas nações. Após o anúncio, o ministro das Relações Exteriores dos EAU, Abdullah Bin Zayed, fez uma rápida visita à Índia, segundo a mídia.
A iniciativa no sul da Ásia também contribui para a busca dos Emirados Árabes Unidos por outros objetivos importantes de política externa. A atitude ajuda a aprofundar uma parceria com os Estados Unidos, ao comparar os esforços norte-americanos para resolverem o conflito no vizinho, Afeganistão, onde Índia e Paquistão têm interesses econômicos e de segurança concorrentes. Ao mesmo tempo, a amizade entre seus aliados é duplamente desejável para os Emirados, já que o apetite norte-americano para agir no Oriente Médio parece estar diminuindo, de acordo com a Bloomberg.
No dia 9 de março, foi a vez do encontro entre o ministro das Relações Internacionais da Rússia, Sergei Lavrov, e Abdullah Bin Zayed, em Abu Dhabi. Durante coletiva de imprensa com seu homólogo, o ministro emiradense falou sobre a Síria e defendeu uma "ação conjunta com Damasco", dizendo que a campanha de pressão econômica norte-americana "como está hoje torna o assunto difícil", segundo o The Arab Weekly.
Na segunda-feira (30), a China anunciou acordo com o governo dos EAU para fabricação de mais de 200 milhões de doses da vacina chinesa Sinopharm, em uma base que deverá ficar operacional ainda este ano. Mesmo não sendo um passo necessariamente diplomático, com essa parceria, os EAU se tornam a primeira nação, pertencente aos aliados dos EUA no golfo Pérsico, a produzirem o medicamento chinês, ajudando a influência da China na região e tecendo laços com mais um país.
O fato é que nos últimos anos, os EAU desviaram sua atenção da projeção militar para a diplomacia, investimentos e outras formas de poder brando na intensão de fazer valer sua presença. Um bom exemplo desse modelo seria a larga redução de suas bases militares no Iêmen. Se assim continuarem, podem despontar como uma nação do Oriente Médio que, depois de muitos anos, traz uma nova imagem para o território, sempre muito ligado a conflitos e guerras, e assim desenvolver um importante papel de pacificador.