O relatório "Oriente Médio em Busca do Renascimento Perdido" foi publicado nesta terça-feira (30), na véspera da abertura da conferência anual do clube.
"O crescimento das pretensões geopolíticas da Turquia pode ser visto como uma das megatendências do desenvolvimento regional. Ancara afirma estar construindo as bases da sua ordem não só no Oriente Médio, mas de certa maneira também para além desta região", afirmam os especialistas.
Segundo eles, a pandemia de coronavírus permitiu que as tendências de um "novo renascimento" (os dois primeiros "renascimentos" datam de meados do século XIX e meados do século XX) se manifestassem plenamente na região, e o Oriente Médio "começou de repente a dar o tom da política mundial, não sendo apenas seu campo de ensaios".
"Uma linha de mudanças importante tem a ver com as relações entre as potências árabes e não árabes. O processo de renascimento nacional tem afetado tanto a Turquia, o Irã e Israel quanto seus vizinhos árabes. A normalização das relações entre uma série de Estados árabes e Israel no final de 2020, motivada em grande parte por considerações anti-iranianas conjunturais, leva objetivamente a mudanças de natureza estratégica, ainda que sem a resolução do problema palestino seja impossível alcançar uma paz duradoura na região", sublinham os especialistas.
Ao mesmo tempo, na sua opinião, embora nenhum dos conflitos no Oriente Médio tenha ainda sido resolvido, os últimos eventos mostraram que estes conflitos deixam de ser o tema central da agenda regional e perdem em grande medida a sua função de formação do sistema.
"Tanto a nível regional como global, o confronto entre os atores externos tornou-se menos intenso. A não ser que esse confronto se reinicie, por exemplo, como resultado de uma mudança no equilíbrio das relações entre os EUA, o Irão e a Arábia Saudita, é possível que as hipóteses de regularização em geral venham a aumentar", diz o relatório.
Os autores do documento consideram que o papel dos agentes externos nos processos na região está diminuindo e, pelo visto, é provável que isto continue no mundo "pós-COVID", com o papel da Rússia na região também a mudar.
Ao longo dos últimos cinco anos, o papel da Rússia cresceu objetivamente, mas Moscou nunca se propôs a tarefa de substituir os EUA ou a Europa na gerência dos processos regionais. Um maior crescimento da influência russa será também facilitado pelo crescente interesse de todos os Estados do Oriente Médio na diversificação dos laços", concluíram os analistas.