O Ártico, especialmente em torno do Alasca, tem se tornado uma arena de competição em meio de tensões entre Washington e Moscou. Até agora, uma das ações mais visíveis por parte da Rússia foram os voos militares até a zona de identificação de defesa aérea (ADIZ, na sigla em inglês) dos EUA, reporta o Business Insider.
Glen VanHerck, general da Força Aérea, chefe do Comando Norte dos EUA e do Comando Norte-Americano de Defesa Aeroespacial (NORAD, na sigla em inglês), disse aos senadores em março que os EUA e o Canadá responderam a mais voos desse tipo em 2020 do que em qualquer outro ano desde a o fim da Guerra Fria.
"Estamos de novo em competição. A Rússia está claramente tentando reafirmar a sua influência e as suas capacidades no plano global", declarou VanHerck, citado pela mídia.
Nos últimos meses, a Rússia tem enviado aviação e outros equipamentos militares para a região em disputa, e o mesmo têm feito os EUA.
"O fato de que você pode dizer ao seu concorrente que está ciente de suas atividades e potenciais intenções nos permite posicionar nossas forças ou usar mensagens estratégicas para criar um efeito de dissuasão", disse VanHerck, citado na matéria.
Ártico, um campo de batalha?
Com as mudanças climáticas, a região do Ártico está se tornando cada vez mais acessível à atividade humana, pelo que as operações militares estão também aumentando na zona.
Nos últimos meses, as Marinhas dos EUA e da OTAN têm sido bastante ativas nesta zona do globo. Para além disso, a Força Aérea americana tem voado mais próximo das fronteiras russas no Ártico europeu, onde a Rússia tem importantes bases militares.
Por sua vez, a Federação da Rússia, que tem a maior linha costeira ártica do mundo e espera se beneficiar de mais atividade nesta zona, vem há anos reformando e modernizando radares, bases aéreas e outras instalações na região, onde a defesa aérea é uma preocupação primordial.
O presidente russo Vladimir Putin disse no mês passado, citado pelo Business Insider, que o "treinamento de combate, pesquisas e medidas práticas têm demonstrado as capacidades da Marinha russa e sua preparação para operar nas duras latitudes nórdicas", e que tal trabalho "deve continuar".
É importante relembrar que, na semana passada, pela primeira vez na história da Marinha da Rússia, três submarinos nucleares portadores de mísseis emergiram de uma só vez à superfície, quebrando o gelo no Ártico. A demonstração com sucesso de tais equipamentos militares vai em linha com as declarações do presidente Putin, mas pode intensificar o clima de competição entre a Rússia e os EUA no Ártico e no mundo em geral.