O estado do Arizona, EUA, está se preparando para matar condenados à morte usando cianeto de hidrogênio, o mesmo gás usado pelos nazistas para exterminar pessoas no campo de concentração em Auschwitz, na Polônia, revela na sexta-feira (28) o jornal The Guardian.
Segundo os documentos obtidos e publicados pela mídia, o departamento de correções do Arizona gastou mais de US$ 2.000 (aproximadamente R$ 10.452,40) para obter ingredientes para o gás, incluindo cianeto de potássio, hidróxido de sódio e ácido sulfúrico, que serão usados na câmara de gás do Complexo Penitenciário Estadual do Arizona (ASPC-Florença, na sigla em inglês).
Assim, as autoridades locais estão tomando várias medidas para renovar o ASPC-Florença, que tinha quase caído em desuso nos últimos 22 anos, incluindo selar janelas e portas, desentupir drenos, e usar uma granada de fumaça para testar os químicos fatais.
No entanto, o jornal britânico também aponta métodos "espantosamente primitivos", tais como verificar a presença de infiltrações de gás com uma vela.
Pena da morte no Arizona
O ASPC-Florença foi construída em 1949. O The Guardian revelou em abril de 2021 que o Arizona gastou US$ 1,5 milhão (R$ 7,84 milhões) para adquirir pentobarbital, um sedativo que o complexo penitenciário espera usar como seu principal método de injeção letal.
A última vez que o estado norte-americano aplicou a pena de morte foi durante uma injeção letal mal executada em 2014. O jornal Tucson Citizen escreveu em 1999 um relato de execução por asfixia nesse ano de um homem condenado à morte em 1982 por um assalto fracassado a um banco, durante o qual réu demonstrou "asfixia agonizante e sufocamento", e levou 18 minutos para morrer.
O último caso de injeção letal no ASPC-Florença também provou ser pouco "humano", segundo o The Guardian, com a morte se estendendo por duas horas através do uso de 15 doses de uma então pouco utilizada mistura de drogas injetáveis letais. Segundo uma testemunha contou à mídia, o condenado suspirou e engoliu ar 660 vezes.
Os dois primeiros dos 115 condenados à morte terão a escolha entre os dois métodos, escreve o jornal.
Mais de um milhão de pessoas foram assassinadas por cianeto de hidrogênio em câmaras de gás em Auschwitz, na então Polônia ocupada pelos nazistas, e em outros campos de extermínio.
"Você tem que se perguntar o que Arizona estava pensando ao acreditar que em 2021 é aceitável executar pessoas em uma câmara de gás com gás de cianeto. Alguém estudou a história do Holocausto?", perguntou Robert Dunham, diretor-executivo do Centro de Informações sobre a Pena de Morte dos EUA.