A inteligência russa deve saber quem tomou a decisão de fazer entrar o destróier Defender, do Reino Unido, nas águas russas da Crimeia, de acordo com Dmitry Peskov, porta-voz do presidente da Rússia.
"Acho que nossa inteligência, é claro, sabe quem tomou a decisão ali. Mas, claro, eu acho que a essência de tais operações é planejada pelos companheiros sêniores do outro lado do oceano", disse ele, durante entrevista no canal Rossiya, em referência aos EUA.
Peskov garantiu ainda que situações semelhantes no futuro receberiam uma resposta firme da Rússia.
"Mais uma vez, não sou mesmo a favor de discutir tais cenários catastróficos. Mas é óbvio que a reação certamente será dura", afirmou ele.
"Mas o mais importante, como disse o presidente, é afinal a informação que o avião de reconhecimento obteve, essa não era a informação que eles pretendiam obter, mas sim a informação que o lado russo considerou necessário fornecer", acrescentou o porta-voz do Kremlin.
De acordo com o alto funcionário russo, a ação tinha outro objetivo.
"Neste caso, o destróier era apenas uma ferramenta de provocação, e o presidente explicou que assim se buscam limitações, fraquezas no sistema de monitoramento da integridade da fronteira, no sistema de reação e assim por diante. Esta é uma provocação consciente e bem planejada", sublinhou.
Em 23 de junho, o Ministério da Defesa da Rússia relatou que o destróier britânico HMS Defender atravessou a fronteira russa perto do cabo Fiolent, na Crimeia. Um navio da guarda fronteiriça russa emitiu vários avisos e depois disparou tiros de advertência, enquanto uma aeronave Su-24M realizou um bombardeio de advertência no sentido do percurso do navio.
Segundo afirmam o Ministério da Defesa do Reino Unido e a chancelaria do país, não houve tiros e o Defender estava em águas territoriais da Ucrânia. Segundo o Ministério da Defesa britânico, a Rússia avisou a "comunidade marítima" sobre sua realização de exercícios navais. No entanto, um jornalista da emissora BBC confirmou que a violação de fronteira foi uma ação deliberada, com a intenção de "enviar um sinal à Rússia".
Durante a Linha Direta com Vladimir Putin na quarta-feira (30), o presidente da Rússia disse que se tratou de uma provocação, pouco depois da cúpula Rússia-EUA, com o objetivo de mostrar o desrespeito do Ocidente pela escolha dos habitantes da Crimeia. Além disso, observou, um avião de reconhecimento dos EUA tentou registrar a resposta dos militares russos.