Tal como o yuan, a moeda norte-coreana resiste em meio ao monopólio do dólar norte-americano no comércio internacional do país, embora também sejam utilizadas cédulas dos EUA.
O won norte-coreano iniciou sua história no final da década de 1940, quando Kim Il-sung fundou o Estado norte-coreano. Ter sua moeda própria é um atributo importante de qualquer país, se bem que durante toda a existência da Coreia do Norte, até hoje, sua moeda passou por vários altos e baixos que refletem muito bem o estado da economia nacional.
Em grande medida, sua estabilidade sempre dependeu diretamente das políticas econômicas da família governante, sendo que, em diversas ocasiões, essas políticas levaram a economia do país e sua moeda a situações precárias. Porém, quase em cada uma dessas ocasiões, a família Kim conseguiu salvar o país do colapso econômico total graças à liberalização de seu comércio. No entanto, apesar de todos esses esforços, até hoje o won norte-coreano permanece em um estado muito vulnerável.
Taxas de câmbio
Existe uma taxa de câmbio comercial que é utilizada com permissão das autoridades nos mercados de Pyongyang e de outras cidades no país.
"De acordo com essa taxa de câmbio, um dólar equivale a cerca de oito mil wons norte-coreanos", explicou Evgueni Kim, analista de origem coreana da Academia de Ciências da Rússia, à Sputnik. No entanto, também existe uma taxa de câmbio oficial. Por exemplo, quando um turista chega à Coreia do Norte, ele recebe apenas 100 wons em troca de um dólar. O controle sobre a taxa é rígido, então atualmente não é afetado por flutuações em grande escala, acrescenta o analista.
Há 12 anos, a Coreia do Norte passou por uma reforma monetária que causou um aumento drástico na inflação. Por causa disso, a população norte-coreana conseguiu acumular muito dinheiro e passou a conseguir comprar bens, o que gerou um déficit no país, explicou Kim.
Após tal crise, o país não tornou a realizar reformas econômicas míopes, tendo castigado os responsáveis.
Atualmente, em meio à pandemia da COVID-19, quando o país efetivamente se isolou do resto do mundo, também o comércio internacional de Pyongyang foi quase totalmente cortado.
O povo norte-coreano quase não tem capacidade para exportar ou importar bens, o que tem criado grandes problemas. Assim, é possível que o governo tome medidas para deixar entreaberta a porta comercial do país, sublinhou o especialista.
O won e as divisas estrangeiras
Mesmo em um Estado tão isolado como a Coreia do Norte, as moedas estrangeiras são amplamente utilizadas e, de fato, circulam quase livremente em certos setores.
Apesar de não estar apontado oficialmente em lugar nenhum, as duas moedas estrangeiras mais populares no país são o yuan chinês e o dólar norte-americano. Essas duas moedas são frequentemente utilizadas por turistas estrangeiros. Evgueni Kim acrescentou que o euro é também uma das moedas estrangeiras com maior circulação na Coreia do Norte.
"Quem trabalha com o comércio exterior pode trocar moedas estrangeiras com bastante facilidade, ao passo que se tentar trocar qualquer uma das três oficialmente, receberá wons pelo câmbio oficial", o que é pouco benéfico, sublinhou o analista.
Os trabalhadores norte-coreanos que trabalham no exterior, como por exemplo na Rússia, costumam receber parte de seu salário em rublos russos, enquanto a outra parte é enviada diretamente para o governo norte-coreano.
Agora, na Coreia do Norte é mais seguro usar o yuan do que o dólar nos pagamentos, uma vez que "a China é um país amigo", enquanto que os EUA são considerados o principal adversário – ou mesmo o inimigo. Por essa razão, o yuan é mais popular na Coreia do Norte e, desse jeito, Pyongyang consegue em parte neutralizar o monopólio do dólar com o uso do yuan e do won.