É esperado que o protótipo do reator nuclear de sal fundido, que funciona com tório líquido em vez de urânio, seja mais seguro do que os reatores tradicionais, uma vez que o tório se resfria e se solidifica rapidamente quando exposto ao ar, o que significa que qualquer potencial vazamento significaria muito menos radiação no ambiente em comparação com os vazamentos de reatores que funcionam com urânio, explica o portal Live Science.
O protótipo do reator deverá ficar completo no próximo mês, com seus primeiros testes previstos para o início de setembro.
Este novo tipo de reator não vai precisar de água, pelo que será capaz de operar em regiões desérticas. O primeiro reator nuclear ficará localizado em Wuwei e o governo chinês tem planos de construir mais nos desertos e planícies escassamente povoados da China ocidental, bem como até 30 novos reatores em países envolvidos na iniciativa chinesa Um Cinturão, Uma Rota.
"A produção de energia nuclear já se tornou uma estratégia de Estado, e as exportações nucleares ajudarão a otimizar nosso comércio de exportação e liberar a capacidade de produção interna de alto nível", disse Wang Shoujun, membro do comitê permanente da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CPPCC, na sigla em inglês) - um órgão que atua como ligação entre o governo chinês e os interesses comerciais - em um relatório no site da CCPPC, citado pela mídia.
O novo reator é parte da iniciativa do presidente chinês, Xi Jinping, de alcançar a neutralidade carbônica até 2060, de acordo com a equipe do Instituto de Física Aplicada de Xangai, responsável pelo desenvolvimento do protótipo.
O tório - um metal prateado e radioativo cujo nome tem origem no deus nórdico do trovão - é muito mais barato e mais abundante do que o urânio e, por outro lado, não pode ser usado facilmente para criar armas nucleares.
Em vez de usar barras de combustível, os reatores de sal fundido funcionam dissolvendo o tório em sal líquido fundido à base de flúor antes de enviá-lo para a câmara do reator a temperaturas acima dos 600 graus Celsius. Quando bombardeados com nêutrons de alta energia, os átomos do tório se transformam em urânio-233, um isótopo de urânio que pode então se dividir, liberando energia e ainda mais neutrões através de um processo chamado fissão nuclear. Isso inicia uma reação em cadeia, liberando calor na mistura de sal e tório, que é então enviada para uma segunda câmara onde o excesso de energia é extraído e transformado em eletricidade.
Porém, as vantagens do tório não terminam aqui. Enquanto os produtos residuais das reações nucleares do urânio-235 permanecem altamente radioativos por até 10 mil anos - incluindo o plutônio-239, o elemento-chave nas armas nucleares - os principais subprodutos de uma reação nuclear de tório são o urânio-233, que pode ser reciclado, e uma série de outros subprodutos com uma "meia-vida" de apenas 500 anos.