A cúpula da OTSC sobre a situação atual no Afeganistão aconteceu hoje, segunda-feira (23), em formato de videoconferência, moderada pelo presidente de Tajiquistão, Emomali Rahmon.
"Foi sublinhado que é importante não permitir a infiltração do islamismo radical nos territórios dos países-membros da Organização do Tratado de Segurança Coletiva e coibir o recrutamento de cidadãos de nossos países para os extremistas, inclusive através das redes sociais e Internet. O problema do tráfico de drogas afegão continua sendo extremamente grave, portanto a OTSC terá que monitorar muito de perto como as coisas vão evoluir a este respeito", declarou o porta-voz presidencial russo, Dmitry Peskov.
"Em seu discurso, o presidente Putin, como os outros chefes de Estado e governos, expressou sua profunda preocupação com a situação no Afeganistão, com as ameaças potenciais provenientes do Afeganistão", adicionou.
Porém, os líderes da organização entendem a necessidade de coordenar os esforços da ONU, do Conselho da Segurança da ONU e do G20 no que diz respeito à crise afegã, declarou Peskov.
"Em geral, há um entendimento – é isso que acentuou em seu discurso o presidente [Vladimir] Putin – sobre a necessidade de coordenar as abordagens, inclusive no âmbito da Organização das Nações Unidas, do Conselho da Segurança e do G20", conforme suas palavras.
Por sua vez, o presidente de Belarus, Aleksandr Lukashenko, disse que na decisão das questões ligadas à situação na República Islâmica é preciso envolver o potencial da Organização para a Cooperação de Xangai (OCX), e sugeriu organizar uma reunião conjunta da OCX e da Organização do Tratado de Segurança Coletiva sobre o assunto.
"Praticamente todos os membros da OCX estão centrados no Afeganistão. E seus interesses globais estão lá. Pelo menos a China e a Rússia, a Índia, o Paquistão... A interação entre a OTSC e a OCX deve ser fortalecida, usando as cúpulas das duas organizações [...]. Se os membros da Organização para a Cooperação de Xangai quiserem ir na linha do assunto discutido hoje [23], tudo bem. Se não quiserem, vamos indicar e propor nossa posição e eles depois que decidam. Penso que aqui podemos fazer progressos importantes", cita suas palavras agência de notícias estatal belarussa Belta.
Secretário-geral da organização acredita que Afeganistão pode enfrentar prolongada guerra civil
Há preocupações de que os focos de resistência aos talibãs possam levar a uma prolongada guerra civil, disse por sua parte o secretário-geral da Organização do Tratado de Segurança Coletiva, Stanislav Zas.
"A retirada rápida e despreparada das tropas dos EUA e dos aliados da coalizão do Afeganistão, a degradação iminente da situação afegã aumenta as ameaças [...] na região da Ásia Central à paz e estabilidade internacionais, em uma perspectiva de longo prazo isso não pode ser excluído", disse ele durante o briefing.
"Há receios de que os focos de resistência aos talibãs que surgiram possam levar a uma prolongada guerra civil com consequências difíceis de prever para a segurança não apenas do Afeganistão, mas também da grande região vizinha."
A Organização está pronta para cooperar com a OTAN relativamente ao Afeganistão, mas a mesma prontidão não foi expressa do lado da Aliança Atlântica, conforme ele.
A situação no Afeganistão se agravou nas últimas duas semanas, com o Talibã (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países) lançando ofensivas contra as grandes cidades do país. Em 15 de agosto, foi relatado que os rebeldes passaram a controlar todos os postos fronteiriços. No mesmo dia, os combatentes talibãs declararam ter entrado em Cabul e tomado controle sobre o palácio presidencial. O presidente afegão Ashraf Ghani renunciou e deixou o país dizendo que quis evitar "um massacre" em Cabul. Na noite de 16 de agosto, o representante oficial do Talibã anunciou o fim da guerra no Afeganistão.