DNA (imagem ilustrativa) - Sputnik Brasil, 1920
Ciência e sociedade
As principais notícias, reportagens e artigos sobre sociedade e avanços científicos.

Diretor de relatório da UNESCO faz alerta sobre aumento das desigualdades educacionais no Brasil

© Folhapress / Rubens CavallariEstudantes no primeiro dia de aula presencial na Escola Estadual Raul Antônio Fragoso, em Pirituba, na Zona Oeste de São Paulo
Estudantes no primeiro dia de aula presencial na Escola Estadual Raul Antônio Fragoso, em Pirituba, na Zona Oeste de São Paulo - Sputnik Brasil, 1920, 10.12.2021
Nos siga no
Especiais
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) fez um alerta a diversos países sobre a necessidade de melhorar a fiscalização da educação particular em prol da redução de desigualdades.
O alerta consta no Relatório Global de Monitoramento da Educação da UNESCO (GEM), que será apresentado oficialmente no próximo domingo (12). No documento, ao qual a Sputnik Brasil teve acesso, a organização analisa a atuação de atores não-estatais em todos os sistemas educacionais e apresenta recomendações para que a igualdade seja colocada no centro de suas ações.
De acordo com o estudo, intitulado "Quem escolhe? Quem perde?", em muitos países, a falta de regulamentação adequada da educação particular, ou da capacidade de aplicá-la, prejudica a qualidade e aumenta o abismo educacional entre ricos e pobres.
O ministro da Educação, Milton Ribeiro, durante coletiva de imprensa para apresentar os resultados do IDEB, na sede do INEP, em Brasília, 15 de setembro de 2020 - Sputnik Brasil, 1920, 10.08.2021
Notícias do Brasil
Educação: ministro defende 'universidade para poucos' e diz que reitores não podem ser esquerdistas
Na região da América Latina e Caribe, o Brasil aparece como um dos destaques negativos do relatório, por não proibir, por exemplo, que se lucre com escolas primárias e secundárias, por não ter regulamentação quanto a procedimentos para admissão de alunos em escolas não-estatais nem regulamentação de mensalidades de educação primária e secundária.
"No Brasil, o custo de empréstimos para um sistema terciário de educação altamente privatizado também está deixando muitos alunos endividados, com alto nível de inadimplência", destaca a UNESCO.
© Folhapress / Diego HerculanoAlunos em sala de aula de escola pública da zona rural do agreste de Pernambuco (foto de arquivo)
Alunos em sala de aula de escola pública da zona rural do agreste de Pernambuco (foto de arquivo) - Sputnik Brasil, 1920, 10.12.2021
Alunos em sala de aula de escola pública da zona rural do agreste de Pernambuco (foto de arquivo). Foto de arquivo
Como no resto do mundo, a COVID-19 reforçou as desigualdades educacionais já presentes no Brasil, explica, em declarações à Sputnik Brasil, Manos Antoninis, diretor do Relatório Global de Monitoramento da Educação. Segundo ele, a partir da educação infantil, o acesso às creches no país ainda é muito baixo, com apenas 32% das crianças menores de três anos matriculadas. E essa falta é ainda mais acentuada para as populações mais pobres.
"No ensino fundamental, o Brasil está entre os países com maior índice de discrepância socioeconômica entre alunos da rede privada e pública. Não há regulamentação sobre o valor das mensalidades cobradas pelas escolas privadas do país, algo que vários conselhos municipais e assembleias estaduais tentaram mudar durante a pandemia da COVID-19. A desigualdade também se estende ao ensino superior, onde apenas um quarto dos alunos está matriculado em universidades públicas gratuitas, e os sistemas de financiamento estudantil para universidades privadas enfrentam grandes desafios."
Em 2019, antes do surto do novo coronavírus, metade dos contratos de financiamento estudantil em fase de reembolso estavam vencidos há mais de três meses, conforme sublinha o especialista.
"O relatório fala a todos os atores, pedindo-lhes que cumpram as regras. Muitos atores não-estatais exercem influência significativa sobre a formulação de políticas educacionais, usando poderes de lobby para influenciar decisões."
Para Audrey Azoulay, diretora-geral da UNESCO, os governos precisam estabelecer padrões mínimos em escolas estatais e não-estatais a fim de garantir que os alunos mais desfavorecidos tenham oportunidades iguais de usufruir dos benefícios de uma educação de qualidade.
"É necessário estabelecer mecanismos igualitários de financiamento urgentemente. Os que vivem em contextos mais desfavorecidos não deveriam ser penalizados", alerta.
Em nota enviada à Sputnik Brasil, a UNESCO aponta cinco recomendações para os países:
1.
Aumentar os esforços para garantir acesso gratuito e subsidiado pelo Estado a um ano de educação pré-primária e 12 anos de primária e secundária para todas as crianças e jovens.
2.
Estabelecer padrões de qualidade que se apliquem a todas as instituições públicas e particulares.
3.
Fortalecer a capacidade do governo de monitorar e aplicar as regulamentações.
4.
Trabalhar em parceria com todos os atores para aprender, compilar e avaliar boas práticas.
5.
Proteger a educação de interesses particulares e restritivos.
Feed de notícias
0
Para participar da discussão
inicie sessão ou cadastre-se
loader
Bate-papos
Заголовок открываемого материала