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Retórica belicosa dos EUA dificulta negociações entre Kiev e Moscou, diz analista

© AFP 2023 / Attila KisbenedekNovos recrutas participam de um exercício de treinamento no campo militar na cidade de Gyor, no noroeste da Hungria, em 28 de maio de 2020
Novos recrutas participam de um exercício de treinamento no campo militar na cidade de Gyor, no noroeste da Hungria, em 28 de maio de 2020 - Sputnik Brasil, 1920, 16.02.2022
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Quaisquer tentativas feitas pela Ucrânia para discutir a desescalada com a Rússia ou para criar um ambiente propício para negociações enfrentam uma forte oposição dos EUA e do Reino Unido, cujos governos continuam a sua retórica belicosa para obter "pontos políticos fáceis", disse à Sputnik um analista britânico de relações exteriores.
"A postura ucraniana não importa. Como os últimos dias provaram, nem o presidente Biden nem a grande mídia no Ocidente se preocupam com a perspetiva ucraniana", comentou Adriel Kasonta, analista de relações exteriores baseado em Londres e ex-presidente da Comissão de Assuntos Internacionais no think tank Bow Group.
Notando que o presidente ucraniano Vladimir Zelensky contradiz as alegações de Biden sobre uma potencial invasão russa nos próximos dias, Kasonta observa que "ninguém parecia prestar muita atenção ao que ele [Zelensky] estava dizendo". "Como sabemos, todas as informações sobre a alegada invasão e a guerra têm vindo da inteligência dos EUA, não da Ucrânia", ressaltou.

"Os falcões [os que defendem o uso da força militar] ucranianos reconheceram a nova realidade muito antes do impasse atual, mas temos que entender que eles nunca foram verdadeiros donos de seu próprio destino. O fato de que o embaixador da Ucrânia em Londres foi forçado a recuar em seus comentários anteriores feitos à BBC de que o seu país está disposto a ser flexível na sua ambição de se juntar à OTAN prova o meu ponto de vista. Kiev é apenas mais um peão no grande tabuleiro de xadrez usado pelos EUA para avançar seus objetivos na Europa Oriental", disse o analista.

Na segunda-feira (14) o embaixador ucraniano no Reino Unido, Vadim Pristaiko, disse que Kiev "poderia concordar" em não se juntar à OTAN se isso ajudasse a acalmar a crise com a Rússia.
"Se tivermos que passar por algumas concessões sérias – isso é algo que podemos fazer, com certeza", acrescentou o diplomata. No entanto, os comentários de Pristaiko foram rapidamente corrigidos pela chancelaria ucraniana, com o porta-voz Oleg Nikolenko escrevendo no Twitter que as palavras de Pristaiko foram "tiradas do contexto".
Sede do Pentágono em Washington, EUA - Sputnik Brasil, 1920, 15.02.2022
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Apoio da China à Rússia é 'alarmante', diz Pentágono
Para Kasonta, a postura forte de Biden contra Moscou e Pequim é essencial para manter sua administração à tona.

"A Rússia cumpre o papel de unificador perene na política interna dos EUA uma vez que todos parecem estar de acordo com a retórica populista da Guerra Fria de 'democracia versus autocracia' de Biden, o que lhe permite recuperar o papel de líder do mundo livre", observou o analista. "Isso significa muito para eles, uma vez que anseiam por reivindicar a superioridade moral sobre a Rússia", bem como sobre a China.

"Biden está desesperado para encontrar seu lugar na história, e essa ousadia barata é como ele vai ser lembrado além do chamado mundo ocidental", acrescentou, observando que o "mesmo se aplica a Boris Johnson no Reino Unido".
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