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Lavrov sobre possibilidade de guerra nuclear: melhor perguntar a Biden

© REUTERS / RUSSIAN FOREIGN MINISTRYO ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, participa de uma reunião com o chefe do Ministério das Relações Exteriores da autoproclamada República Popular de Lugansk, Vladislav Deinego e o vice-chefe do Ministério das Relações Exteriores da autoproclamada República Popular de Donetsk, Sergei Peresada, em Moscou, Rússia, 25 de fevereiro de 2022
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, participa de uma reunião com o chefe do Ministério das Relações Exteriores da autoproclamada República Popular de Lugansk, Vladislav Deinego e o vice-chefe do Ministério das Relações Exteriores da autoproclamada República Popular de Donetsk, Sergei Peresada, em Moscou, Rússia, 25 de fevereiro de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 02.03.2022
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O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, comentou os diversos pontos envolvendo as tensões com a Ucrânia e como o Ocidente está profundamente relacionado com a escalada vivida na Europa.
A Rússia está pronta para discutir garantias de segurança na segunda rodada de negociações, disse o chanceler russo, tendo referido como passo positivo o desejo do presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, de receber essas garantias para seu país.
"Mas representantes da Ucrânia demoram de novo, como no primeiro encontro, ainda não confirmam a realização da segunda rodada. Vão demorar. Acho também que os norte-americanos não lhes permitem. Ninguém acredita na autonomia de Kiev no momento", disse o chanceler russo, Sergei Lavrov.
Quando questionado sobre as possíveis condições para as negociações com a Ucrânia, Lavrov destacou que a Rússia não vai discutir a Crimeia. "Essa questão está fechada", disse ele.
O ministro sublinhou que provavelmente alguém gostaria que "a Rússia afundasse nesse conflito artificial, criado pelo Ocidente".
A determinação da Rússia em não permitir o derramamento de sangue parte de fatos que se tornaram mais ameaçadores para a Rússia por causa do Ocidente.

"Nossa determinação em não permitir o futuro derramamento de sangue, não permitir que a Ucrânia se torne uma praia para ataque contra a Federação da Rússia, define não do que o Ocidente planejava ou não planejava, nós nos baseamos de fatos 'em terra' quando tomamos medidas", disse Sergei Lavrov.

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Ainda segundo o ministro, após o fim do conflito no país, o povo ucraniano deve decidir como vai viver.
"Os ucranianos devem decidir por si próprios como eles vão viver, depois de esse conflito que eles desencadearam acabar, [conflito] que nós tentamos agora resolver. Isso agora está sendo discutido nos círculos dos cientistas políticos. Eu não participo dessas discussões. Nós partimos definitivamente de que isso deve ser a opinião de todos os povos que moram na Ucrânia", disse ministro russo em entrevista ao canal de TV al-Jazeera.
O ministro russo também voltou a afirmar que as repúblicas populares de Donetsk e Lugansk devem ser reconhecidas nas fronteiras em suas respectivas regiões.
A Rússia está fazendo tudo para não permitir vítimas sérias entre população civil durante a operação militar, destacou o ministro. Segundo ele, junto com milícias das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, as Forças Armadas da Rússia usam armas de alta precisão e eliminam apenas infraestrutura militar das autoridades ucranianas no âmbito da tarefa de desmilitarização.
O ministro também voltou a levantar preocupações sobre obtenção de armas nucleares pela Ucrânia.
"Há potencial técnico, tecnológico. O presidente Putin falou sobre isso, nossos especialistas comentaram essa situação. Posso afirmar com a toda a responsabilidade que não permitiremos isso [da Ucrânia obter armas nucleares]".
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Relações com Alemanha

Lavrov ainda comentou sobre a postura de Berlim sobre Ucrânia e adicionou que a afirmação sobre o fornecimento de armas causaram espanto.
"É espantoso ouvir comentários de políticos europeus, especialmente alemães. Minha colega Annalena Baerbock [ministra das Relações Exteriores da Alemanha] disse que considerando a responsabilidade histórica, que a Alemanha entende, é o dever de seu país de fornecer armas à Ucrânia. Como se pode entender isso? Que a culpa histórica e entendimento dessa culpa histórica obriga Alemanha a apoiar neonazistas? Isso cria associações um pouco estranhas" afirmou.
"A chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse hoje que a União Europeia [UE] e a Ucrânia já estão mais próximas que nunca. Isso insinua o que? Pode ser que seja um sinal de que enquanto você é russófobo, enquanto você é fascista, enquanto você é neonazista, é permitido tudo para você", disse Lavrov.
Para o chanceler, a Ucrânia deve passar por processo de desnazificação, como era com a Alemanha no passado.
"Desnazificação. Assim como a Alemanha fascista foi submetida a esse procedimento. Mais uma vez apelo: vejam vídeos que estão em acesso livre sobre a liberdade que têm neonazistas na Ucrânia quando eles estão marchando com retratos de criminosos militares. [...] Ainda tem muito para fazer", completou.
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Nord Stream 2 e sanções

A história com o gasoduto Nord Stream 2 (Corrente do Norte 2) demostrou que a Alemanha ocupa lugar totalmente subordinado e dependente na arena mundial, declarou Lavrov.

"Nós estamos preparados para tudo. Não tinha dúvidas de que a UE, e com certeza, a OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte] vão seguir os Estados Unidos. Especialmente quanto ficou claro o destino do Nord Stream 2. Mesmo que não seja lançado - isso, pode ser, não somos nós que devemos decidir - mas independente de tudo, está claro que o Nord Stream 2 teve seu papel na história, porque demostrou com toda a clareza a posição que a Europa, incluindo a Alemanha, ocupa na arena internacional, uma posição totalmente subordinada e dependente", disse o chanceler russo.

Falando sobre as sanções e a pressão do Ocidente, o ministro destacou que a Rússia pode resistir a qualquer pressão econômica ou política.

"Se alguém tem dúvidas sobre isso, recomendo-os conhecer a história do Império Russo, a história da União Soviética e a história daqueles episódios da nossa vida quando éramos submetidos à invasão dos Exércitos inimigos", disse ele.

Sobre as sanções, incluindo no que se trata dos ativos do Banco Central russo e empresas privadas, Lavrov pontuou que tanto EUA quanto UE deixaram de lado todos os princípios que implementaram na arena internacional e "voltaram a um capitalismo selvagem, de gangue".
"Isso é um roubo. Eles recusaram [foram contra] todas as regras que nos últimos 70 anos implementaram na vida internacional", disse.
O chanceler russo também afirmou que não existe mecanismo para tirar o lugar de um membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. "Nem tentem explicar nada aos representantes britânicos. Seu estado inadequado é bem conhecido", disse.
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Negociações Rússia-Ucrânia

As exigências da Rússia para a Ucrânia não podem ser consideradas uma capitulação, Moscou sugere negociações, disse o ministro.
"Não acho que isso pode ser qualificado assim [como ato de capitulação]. Aqui o mais importante não é o termo que seja usado. Nós sugerimos acordos. Eles vão garantir os diretos legais de todos os povos que moram na Ucrânia, o. que incluí todas as minorias nacionais, sua igualdade", disse em entrevista.
Segundo Lavrov, "o presidente da Ucrânia, Vladimir Zelensky, violava os Acordos de Minsk sem piscar os olhos e o Ocidente não queria chamar Kiev à razão."
"Zelensky não fez nada em questão da guerra sangrenta contra o seu próprio povo. Ele, de fato, mentia, prometendo arrumar tudo, quando assinaram inúmeros acordos com representantes de Donbass", disse.
Nesta imagem fornecidas pelo serviço de imprensa do Ministério da Defesa da Ucrânia, soldados ucranianos usam um lançador com mísseis Javelin dos EUA durante exercícios militares na região de Donetsk, Ucrânia, quarta-feira, 12 de janeiro de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 03.03.2022
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Risco nuclear

Falando sobre a possibilidade de uma guerra nuclear, Lavrov disse que isso deve ser perguntado ao líder norte-americano.
"Ele [o presidente dos EUA, Joe Biden] disse que 'se nós não tivéssemos ido pelo caminho de tais sanções, a alternativa teria sido só a terceira guerra mundial'. Ele pensa nesses termos".
Lavrov lembrou que em junho de 2021, em Genebra, Joe Biden e Vladimir Putin confirmaram a declaração que foi feita ainda por líderes da União Soviética e EUA nos anos 1980 de que em uma guerra nuclear não pode haver vencedores e que essa guerra nunca deve ser desencadeada. Em janeiro de 2022 todos os cinco líderes-membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU assinaram a mesma declaração multilateral.

"Se a pessoa, perguntada se podia ser algo diferente do que essa onda de sanções, responde que a alternativa é só uma terceira guerra mundial, ela deve compreender que a terceira guerra só pode ser a guerra nuclear. Pode ser que os instintos antigos ainda estejam vivos nas cabeças de nossos parceiros ocidentais para que eles considerem tal possibilidade apesar da posição publicamente confirmada de todos os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU".

Segundo Lavrov, se o Ocidente decidir baixar a Cortina de Ferro, Moscou não vai se preocupar e encontrará a possibilidade para o desenvolvimento.
"Todos entendem que construir uma 'Cortina de Ferro' é destino daqueles que pensam em categorias antigas: de colonialismo, neocolonialismo. [...] Mas se o Ocidente decidir assim, garanto lhes, vamos encontrar a possibilidade de continuar a viver, desenvolver e até não vamos nos preocupar com o que fizeram nossos parceiros ocidentais, que mais uma vez confirmaram total falta de credibilidade e falta de capacidade para negociar", sublinhou.
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