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Posicionamento neutro dos países membros do BRICS reforça laços com a Rússia?

© AP Photo / Pavel GolovkinPresidentes da China, Xi Jinping, e da Rússia, Vladimir Putin, conversam com auxílio de intérpretes durante encontro dos líderes do BRICS no Itamaraty, em Brasília, 14 de novembro de 2019 (foto de arquivo)
Presidentes da China, Xi Jinping, e da Rússia, Vladimir Putin, conversam com auxílio de intérpretes durante encontro dos líderes do BRICS no Itamaraty, em Brasília, 14 de novembro de 2019 (foto de arquivo) - Sputnik Brasil, 1920, 31.03.2022
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Nada mudou na relação entre o BRICS após a operação militar especial da Rússia na Ucrânia. Brasil, Índia, China e África do Sul resistiram à pressão para impor sanções contra Moscou, mantendo, assim, uma posição neutra e isonômica no espectro diplomático.
Para Paulo Velasco, professor de política internacional da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), existe uma postura muito tradicional do Brasil na seara das relações internacionais, independentemente do governo de ocasião.

"A decisão de não impor as sanções converge muito com a própria tradição brasileira do ponto de vista diplomático, do ponto de vista de atuação no plano internacional. O Brasil se abstém das sanções econômicas por entender que elas pouco ajudam na busca por uma solução e por uma paz negociada", analisou ele.

Na diplomacia brasileira, existe um entendimento de que a pressão excessiva sobre um Estado tende somente ao seu isolamento crescente, sem apresentar resultados concretos além da animosidade.
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Ou seja, quanto mais isolado o Estado estiver, muito menor será sua inclinação para aceitar uma solução negociada ou qualquer tipo de entendimento conjunto e coordenado em favor da paz.

"O Brasil entende que o melhor caminho é dialogar com aquele Estado e não isolá-lo por meio de sanções que tendem a penalizar ainda mais a própria sociedade", opina Velasco.

Na percepção do professor, essa postura brasileira acaba influenciando o comportamento dos demais membros do bloco.
"A mesma lógica se aplica ao caso da Rússia, e acaba, sim, apontando para uma lógica coordenada entre os países", reflete, acrescentando que, em 2014, com a reunificação da Crimeia, os países também se abstiveram de impor sanções contra a Rússia.
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"O indicativo político dos países do BRICS é que eles não se submetem, ou não convergem, ou não concordam com a dinâmica imposta pelos países ditos ocidentais", avalia.

Isso porque a leitura que o BRICS fazem do próprio conflito é uma leitura diferente — sobretudo no sentido da autonomia, da defesa dos próprios interesses — que se mostra mais multipolar.

"Parece natural que os países do BRICS decidam não se submeter ao Ocidente, à OTAN, ou a quem quer que seja. É natural que queiram seguir um caminho próprio que sirva aos interesses próprios de cada um."

© Sergio LimaLíderes do BRICS em encontro no Brasil (foto de arquivo)
Líderes do BRICS em encontro no Brasil (foto de arquivo) - Sputnik Brasil, 1920, 31.03.2022
Líderes do BRICS em encontro no Brasil (foto de arquivo)
Isso não significa, contudo, que esta seja uma postura submissa por parte do bloco, segundo Velasco.

"O Brasil não deixou de demonstrar sua discordância em vários pontos, apontando para uma falta de equilíbrio por parte das resoluções, mas mantendo uma postura de distanciamento do próprio conflito sem, claramente, tomar partido de nenhum dos dois lados. O Brasil até se permite condenar agressões, mas entende que deve existir um balanceamento nessa contribuição", concluiu o pesquisador.

© AP Photo / Pavel GolovkinDa esquerda para a direita, Xi Jinping, presidente da China, Vladimir Putin, presidente da Rússia, Jair Bolsonaro, presidente do Brasil, Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia, e Cyril Ramaphosa, presidente da África do Sul, após reunião do BRICS no Palácio do Itamaraty em Brasília, Brasil, 14 de novembro de 2019
Da esquerda para a direita, Xi Jinping, presidente da China, Vladimir Putin, presidente da Rússia, Jair Bolsonaro, presidente do Brasil, Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia, e Cyril Ramaphosa, presidente da África do Sul, após reunião do BRICS no Palácio do Itamaraty em Brasília, Brasil, 14 de novembro de 2019 - Sputnik Brasil, 1920, 31.03.2022
Da esquerda para a direita, Xi Jinping, presidente da China, Vladimir Putin, presidente da Rússia, Jair Bolsonaro, presidente do Brasil, Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia, e Cyril Ramaphosa, presidente da África do Sul, após reunião do BRICS no Palácio do Itamaraty em Brasília, Brasil, 14 de novembro de 2019
Claro que a defesa dos interesses soberanos de cada país do bloco composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul também envolve a questão econômica.
Exemplo disso é o fato de que o novo Banco de Desenvolvimento do BRICS aprovou dois projetos na América Latina no valor total de US$ 140 milhões (R$ 686 milhões) na semana passada — ato que explicita o estreitamento dos laços entre os cinco países.
Nota-se que US$ 50 milhões (R$ 254 milhões) serão alocados ao Fundo Financeiro de Desenvolvimento da Bacia do Prata (FONPLATA).
O dinheiro será encaminhado para municípios grandes e médios e estados federais do Brasil para financiar projetos multissetoriais destinados a melhorar a infraestrutura de água e saneamento, habitação social, transportes, turismo e infraestrutura urbana.
O empréstimo de US$ 90 milhões (R$ 440 milhões) será concedido ao estado de São Paulo para o desenvolvimento da infraestrutura, energia verde e irrigação, entre outros.
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