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Mais 70% até 2030: consumidores vão ganhar com maior produção de petróleo no Brasil?
Mais 70% até 2030: consumidores vão ganhar com maior produção de petróleo no Brasil?
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Especialista aponta que leilões dos últimos anos vão impulsionar produção brasileira a partir do pré-sal, mas preços dos combustíveis não vão aliviar o bolso... 01.04.2022, Sputnik Brasil
2022-04-01T16:52-0300
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Descoberta em 2006, a camada do pré-sal brasileiro continuará a render muitos frutos pelos próximos anos. Com a expansão da extração do petróleo, o país deve ter um crescimento de 70% em sua produção na próxima década, atingindo o patamar de 5,3 milhões de barris por dia.É o que estima o Ministério de Minas e Energia, indicando que o Brasil manterá o status de exportador. Além disso, as sanções do Ocidente contra a Rússia, um dos maiores produtores de petróleo do mundo, abrem mais espaço para o país negociar o óleo no mercado internacional.A pedido de Washington, o governo se comprometeu a aumentar em 10% a produção do combustível desde já, conforme noticiou a CNN Brasil. A ideia é reduzir o impacto mundial no segmento com as restrições a Moscou lideradas pelos próprios Estados Unidos.Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), o Brasil fechou 2021 como o sétimo maior produtor de petróleo do mundo, com cerca de três milhões de barris diários.O ranking é encabeçado pelos EUA, com 16,6 milhões de barris por dia, seguidos por Rússia, Arábia Saudita, Canadá, China e Iraque. Graças ao pré-sal, o Brasil é o maior produtor da América Latina atualmente, à frente de Venezuela e México.Mas o país terá mesmo condições de elevar a produção a ponto de atingir a marca de cinco milhões de barris diários em 2030, como prevê o ministério? Quais seriam os principais obstáculos para a ambiciosa meta? A maior produção permitirá a redução do preço da gasolina no mercado nacional?O economista e professor do Instituto de Energia da PUC-Rio Edmar Almeida explica que as novas projeções se justificam devido a "uma série de leilões realizados, de áreas já descobertas, nos últimos dois, três anos".O especialista afirma que "não há muita incerteza geológica". O máximo que poderia ocorrer, em sua avaliação, são eventuais atrasos.Ele alerta que a principal dificuldade é a manutenção do ritmo de investimentos. Segundo Almeida, a Petrobras, com recursos e operacionalização, é a "chave" nesse projeto de longo prazo.'Projetos atingirão maturidade em 2025'Outro fator que merece atenção é a logística. O economista lembra que a indústria e as cadeias globais sofreram choques de operação com a crise da pandemia de COVID-19.Novas crises poderiam, portanto, "atrasar eventuais projetos". Segundo ele, dessa forma, o Brasil poderia "adiar previsões de 2027 para 2029, por exemplo", mas não deixaria de alcançar a meta de cinco milhões de barris na virada da década.Com política atual, gasolina não ficará mais barataO especialista destaca que apesar de o país ser autossuficiente na produção de petróleo, mantém a paridade dos preços domésticos com o mercado internacional.Almeida lembra que o Brasil é grande consumidor de diesel e gasolina. Segundo ele, se os preços estiverem abaixo do mercado internacional, "alguém pagará por isso".Para o especialista, por volta de 2030, o Brasil poderá exportar entre dois e três milhões de barris por dia. Almeida acredita que, assim, o país passará a ser um dos grandes exportadores do combustível, ainda mais se a Europa mantiver as restrições econômicas contra a Rússia.
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Mais 70% até 2030: consumidores vão ganhar com maior produção de petróleo no Brasil?
16:52 01.04.2022 (atualizado: 17:59 01.04.2022) Especiais
Especialista aponta que leilões dos últimos anos vão impulsionar produção brasileira a partir do pré-sal, mas preços dos combustíveis não vão aliviar o bolso dos consumidores, pois dependem da política do governo para o setor.
Descoberta em 2006, a camada do pré-sal brasileiro continuará a render muitos frutos pelos próximos anos. Com a expansão da extração do petróleo, o país deve ter um crescimento de 70% em sua produção na próxima década, atingindo o patamar de 5,3 milhões de barris por dia.
É o que estima o Ministério de Minas e Energia, indicando que o Brasil manterá o status de exportador. Além disso, as sanções do Ocidente contra a Rússia, um dos maiores produtores de petróleo do mundo, abrem mais espaço para o país negociar o óleo no mercado internacional.
A pedido de Washington, o governo se comprometeu a aumentar em
10% a produção do combustível desde já, conforme
noticiou a CNN Brasil. A ideia é reduzir o impacto mundial no segmento com as restrições a Moscou lideradas pelos próprios Estados Unidos.
Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), o Brasil fechou 2021 como o sétimo maior produtor de petróleo do mundo, com cerca de três milhões de barris diários.
O ranking é encabeçado pelos EUA, com 16,6 milhões de barris por dia, seguidos por Rússia, Arábia Saudita, Canadá, China e Iraque. Graças ao pré-sal, o Brasil é o maior produtor da América Latina atualmente, à frente de Venezuela e México.
Mas o país terá mesmo condições de elevar a produção a ponto de atingir a marca de cinco milhões de barris diários em 2030, como prevê o ministério? Quais seriam os principais obstáculos para a ambiciosa meta? A maior produção permitirá a redução do preço da gasolina no mercado nacional?
O economista e professor do Instituto de Energia da PUC-Rio Edmar Almeida explica que as novas projeções se justificam devido a "uma série de leilões realizados, de áreas já descobertas, nos últimos dois, três anos".
"Acredito que o Brasil vá aumentar a produção de petróleo de forma acelerada. A Petrobras, por exemplo, tem dez plataformas encomendadas e outras quatro a serem contratadas, além de empresas privadas com projetos em andamento", disse Almeida em entrevista à Sputnik Brasil.
O especialista afirma que "não há muita incerteza geológica". O máximo que poderia ocorrer, em sua avaliação, são eventuais atrasos.
"Mas isso é normal. De toda maneira vamos chegar ao patamar de cinco milhões de barris até 2030", pontuou.
Ele alerta que a principal dificuldade é a manutenção do ritmo de investimentos. Segundo Almeida, a Petrobras, com recursos e operacionalização, é a "chave" nesse projeto de longo prazo.
'Projetos atingirão maturidade em 2025'
Outro fator que merece atenção é a logística. O economista lembra que a indústria e as cadeias globais sofreram choques de operação com a crise da pandemia de COVID-19.
Novas crises poderiam, portanto, "atrasar eventuais projetos". Segundo ele, dessa forma, o Brasil poderia "adiar previsões de 2027 para 2029, por exemplo", mas não deixaria de alcançar a meta de cinco milhões de barris na virada da década.
"O grande aumento vai ser a partir de 2025. Teremos crescimento acelerado porque vários projetos vão atingir a maturidade nessa época. Entre 2027 e 2030, o Brasil vai crescer mais de um milhão de barris diários por ano", estimou.
Com política atual, gasolina não ficará mais barata
O especialista destaca que apesar de o país ser autossuficiente na produção de petróleo, mantém a paridade dos preços domésticos com o mercado internacional.
"Se mantiver essa política, o preço vai depender do mercado global. Dadas as condições da política de energia no Brasil, se o país atingir o patamar de produção de cinco milhões de barris, não vai ser por isso que vamos vender a gasolina mais barata", esclareceu.
Almeida lembra que o Brasil é grande consumidor de diesel e gasolina. Segundo ele, se os preços estiverem abaixo do mercado internacional, "alguém pagará por isso".
"A Petrobras não vai ter dinheiro para fazer os investimentos, para aumentar a produção de petróleo. Vai ser o dilema do governo, vai ter que escolher: ou mantém a paridade internacional, permitindo que a produção aumente, ou muda a política de paridade dos preços, podendo comprometer o potencial de crescimento da nossa produção", disse.
Para o especialista, por volta de 2030, o Brasil poderá exportar entre dois e três milhões de barris por dia. Almeida acredita que, assim, o país passará a ser um dos grandes exportadores do combustível, ainda mais se a Europa mantiver as restrições econômicas contra a Rússia.
"Hoje boa parte dos barris é exportada para a China, com grande custo de transporte. A Europa seria um mercado natural. Deixando de comprar da Rússia, vão ter que buscar novos fornecedores na bacia do Atlântico e no Oriente Médio. E o Brasil teria condições de substituir o petróleo russo", indicou.
22 de fevereiro 2022, 17:46