Demanda do petróleo venezuelano está crescendo, mas UE está preparada para pagar?
© Sputnik / Magda Khibelli Presidente venezuelano, Nicolás Maduro durante coletiva de imprensa após reunião com o então vice-primeiro-ministro russo Yuri Borisov no palácio presidencial de Miraflores. Caracas, Venezuela, 16 de fevereiro de 2022
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Diante da crise energética, provocada pelas sanções à Rússia, grandes potências econômicas têm de procurar novas fontes de petróleo para frear o aumento de preços da gasolina nos seus mercados. A Venezuela se vê como uma solução, mas os EUA e a Europa desejam impor as suas próprias regras para comprar o petróleo venezuelano.
O país caribenho possui petróleo suficiente para abastecer tanto a Espanha como o resto da Europa, mas, se os países europeus desejam poder comprá-lo, terão de pagar o preço completo e com antecedência, declarou Diosdado Cabello, deputado e primeiro-vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), ao ser perguntado sobre a suposta intenção de Moncloa, ou seja, do governo da Espanha, de importar o petróleo bruto venezuelano.
"A Venezuela tem petróleo, e não só para a Espanha, mas para toda a Europa. A coisa é que devem pagar por ele um preço verdadeiro e, levando em conta as circunstâncias, devem pagar com antecedência, através de um mecanismo que permita que a Venezuela possa usar os recursos, com os quais eles vão pagar por esse petróleo", afirmou Cabello na coletiva de imprensa semanal do seu partido.
O deputado salientou que os países europeus estão sofrendo as consequências das sanções que eles mesmos, junto com os EUA, impuseram contra a Rússia por causa da operação militar dela na Ucrânia.
Na União Europeia, já foi adotado o sexto pacote de sanções antirrussas que inclui um embargo adiado dos envios marítimos de petróleo e produtos petrolíferos procedentes da Rússia.
Além disso, os países do G7 anunciaram os seus planos de limitar o preço do petróleo russo, embora os mecanismos para tais limitações não estejam nada claros, com uma série de países tendo se recusado a implementar medidas semelhantes. Analistas da JPMorgan, que é uma instituição de serviços financeiros norte-americana, por sua vez, avisam que tal medida pode agravar a situação no mercado até o ponto de os preços mundiais do petróleo alcançarem "estratosféricos" 380 dólares por barril.
O presidente russo, Vladimir Putin, declarou que a política para conter e enfraquecer a Rússia faz parte da estratégia do Ocidente a longo prazo, enquanto as sanções já infligiram um forte golpe a toda a economia mundial.
Petróleo venezuelano para EUA
Em meados de julho, foi revelado que durante a segunda visita da delegação norte-americana a Caracas os altos funcionários tinham discutido o envio de 500.000 barris de petróleo venezuelano. Foi também esclarecido que a compra provinha do compromisso entre as partes, embora anteriormente pessoas familiarizadas com o caso salientaram que o petróleo venezuelano poderia ser considerado o pagamento de dívidas ou dividendos atrasados.
© AP Photo / Matias DelacroixGás é queimado no complexo petrolífero José Antonio Anzoátegui em Barcelona, estado de Anzoátegui, Venezuela, 3 de julho de 2022
Gás é queimado no complexo petrolífero José Antonio Anzoátegui em Barcelona, estado de Anzoátegui, Venezuela, 3 de julho de 2022
© AP Photo / Matias Delacroix
Este acordo indica que os Estados Unidos estão procurando desesperadamente um remédio para fazer baixar os preços da gasolina, que já alcançaram um novo recorde em junho, ao superar 5 dólares (27 reais) por galão.
Em março, no âmbito da política de sanções contra a Rússia, o presidente norte-americano, Joe Biden, anunciou a proibição das importações do petróleo russo. Esta medida foi apresentada pouco depois de ter sido celebrada a primeira reunião entre os EUA e a Venezuela desde o rompimento das relações diplomáticas em 2019.
Depois do encontro, em maio e junho, Washington começou a suavizar as sanções econômicas contra a Venezuela, sobretudo, contra a empresa petrolífera estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA). Estas novas políticas em relação a um país caribenho inclui a permissão para certas empresas voltarem a funcionar na Venezuela.
Ataques contra instalações petrolíferas na Venezuela
Entretanto, a Petróleos de Venezuela responsabilizou o governo norte-americano pelos recentes ataques lançados contra as instalações petrolíferas da nação caribenha.
"Isso faz parte da política do imperialismo norte-americano: efetuar ataque contra as instalações petrolíferas, trazendo para aqui mercenários, alguns dos quais foram previamente detidos, outros julgados pelas tentativas de levar a cabo um golpe de Estado no nosso país, alguns sendo enviados do próprio governo estadunidense", afirmou Diosdado Cabello em 18 de julho.
Em 17 de julho, o ministro venezuelano do Petróleo, Tareck El Aissami, denunciou um novo ataque contra o sistema de gás da empresa petrolífera estatal PDVSA que tinha provocado um incêndio em uma das partes desse sistema.
Anteriormente, em junho, o governo venezuelano denunciou uma tentativa de sabotagem contra a refinaria El Palito, no estado de Carabobo, pertencente à PDVSA, que procurava causar "danos catastróficos" às instalações. Além disso, em maio foi registrado um forte incêndio na refinaria Cardón, também pertencente à PDVSA, no estado de Falcón.
Neste contexto, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, acusou o seu homólogo colombiano, Iván Duque, de ser responsável pelos ataques contra as infraestruturas da indústria petrolífera e elétrica do seu país.