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Pesquisador: Gorbachev abriu panela de pressão e há razão interesseira por trás de apreço ocidental
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Sputnik Brasil
Há aspectos positivos e negativos sobre Mikhail Gorbachev dependendo do ponto de vista do observador, mas não há dúvidas de que ele mudou a história no fim do... 01.09.2022, Sputnik Brasil
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Segundo ele, o ex-líder soviético deixou "um legado histórico extremamente importante", mas atualmente a sociedade russa se divide quanto ao apoio a suas ações, com a maioria sendo contrária ao seu governo (1985–1991).Ele relata que o governo de Gorbachev foi o momento de maior aproximação entre os dois blocos, que culminou no colapso da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.Segundo o especialista, Gorbachev não tinha como objetivo o fim da URSS, mas sim seu fortalecimento por meio de reformas. Porém, em determinado momento, o ex-líder "perdeu as rédeas" do processo de abertura, e o bloco acabou se dissolvendo.Ele indica que, de fato, foi a chamada "Perestroika" (reestruturação) que possibilitou o fim da URSS. Sem a abertura, a União Soviética não teria colapsado, aponta o especialista. "Com a abertura, haveria uma panela de pressão, que realmente qualquer líder teria dificuldade em lidar de maneira democrática", disse.Segrillo acredita que Gorbachev foi ingênuo devido ao seu otimismo. Ele lembra que o ex-líder buscava concomitantemente a reforma do sistema e a manutenção dos padrões do modelo socialista.Ocidente 'apreciou' esforços de GorbachevA morte de Gorbachev, na terça-feira (30), em Moscou, provocou uma série de homenagens no Ocidente. Líderes como o presidente dos EUA, Joe Biden, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, e o presidente da França, Emmanuel Macron, prestaram suas condolências à família de Gorbachev.O pesquisador recorda que, na época da Guerra Fria, a URSS era a grande inimiga dos países ocidentais, que ficaram "bastante agradecidos" a Gorbachev por suas medidas.Segundo ele, porém, também há "uma visão menos interesseira" de que o ex-presidente "tentou abrir caminhos para toda a região do antigo bloco soviético e diminuir as tensões bélicas, principalmente de guerra nuclear".Segrillo presenciou o período de colapso da URSS. Ele cursava um mestrado na União Soviética no fim da década de 1980, no governo de Gorbachev, e viu a popularidade do ex-líder cair entre 1985 e 1991.Segundo ele, já no fim de seu governo, muitos russos o criticavam, afirmando que Gorbachev falava mais do que fazia. Após o fim da URSS, o coro contra o ex-presidente aumentou.
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Pesquisador: Gorbachev abriu panela de pressão e há razão interesseira por trás de apreço ocidental
10:00 01.09.2022 (atualizado: 12:58 01.09.2022) Especiais
Há aspectos positivos e negativos sobre Mikhail Gorbachev dependendo do ponto de vista do observador, mas não há dúvidas de que ele mudou a história no fim do século XX, afirmou à Sputnik Brasil Ângelo Segrillo, historiador brasileiro especializado em Rússia e União Soviética.
Segundo ele, o ex-líder soviético deixou "um legado histórico extremamente importante", mas atualmente a sociedade russa se divide quanto ao apoio a suas ações, com a maioria sendo contrária ao seu governo (1985–1991).
"Ele simplesmente mudou a história no fim do século XX. Aquele mundo bipolar que existia, com os dois grandes 'xerifões', EUA e URSS [União das Repúblicas Socialistas Soviéticas], desapareceu", diz Segrillo, que é professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP).
Ele relata que o governo de Gorbachev foi o momento de
maior aproximação entre os dois blocos, que culminou no colapso da antiga
União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.
"Mas o principal é que ele é uma das poucas pessoas que podem dizer que mudaram o mundo, claro que não sozinho, mas ele capitaneou esse processo", apontou.
Segundo o especialista, Gorbachev não tinha como objetivo o fim da URSS, mas sim seu fortalecimento por meio de reformas. Porém, em determinado momento, o ex-líder "perdeu as rédeas" do processo de abertura, e o bloco acabou se dissolvendo.
"As tentativas de reforma — e acredito que, no início, ele queria realmente reformar o sistema para funcionar melhor — acabaram não dando certo, e a URSS terminou. Não por uma vontade do Gorbachev, mas porque, ao reformar, abriram-se novos vetores de forças, como questões de nacionalismos e nacionalidades ali existentes, que fizeram o processo fugir do controle do Gorbachev e levar ao fim da URSS", explicou Segrillo.
Ele indica que, de fato, foi a chamada "Perestroika" (reestruturação) que possibilitou o fim da URSS. Sem a abertura, a União Soviética não teria colapsado, aponta o especialista. "Com a abertura, haveria uma panela de pressão, que realmente qualquer líder teria dificuldade em lidar de maneira democrática", disse.
Segrillo acredita que Gorbachev foi ingênuo devido ao seu otimismo. Ele lembra que o ex-líder buscava concomitantemente a reforma do sistema e a manutenção dos padrões do modelo socialista.
"A missão a que ele se propôs era muito difícil. Era reformar um sistema que já estava bastante carcomido por dentro. Qualquer pessoa teria dificuldade nesse sentido", afirmou.
Ocidente 'apreciou' esforços de Gorbachev
A
morte de Gorbachev, na terça-feira (30), em Moscou, provocou uma
série de homenagens no Ocidente. Líderes como o presidente dos EUA,
Joe Biden, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, e o presidente da França, Emmanuel Macron,
prestaram suas condolências à família de Gorbachev.
O pesquisador recorda que, na época da Guerra Fria, a URSS era a grande inimiga dos países ocidentais, que ficaram "bastante agradecidos" a Gorbachev por suas medidas.
Segundo ele, porém, também há "uma visão menos interesseira" de que o ex-presidente "tentou abrir caminhos para toda a região do antigo bloco soviético e diminuir as tensões bélicas, principalmente de guerra nuclear".
"Então, independentemente da razão mais interesseira de que o inimigo foi destruído, há também uma apreciação geral dos esforços de Gorbachev no sentido da democracia e da diminuição das tensões bélicas", avaliou.
Segrillo presenciou o período de colapso da URSS. Ele cursava um mestrado na União Soviética no fim da década de 1980, no governo de Gorbachev, e viu a popularidade do ex-líder cair entre 1985 e 1991.
"No fim da URSS, ele era bastante popular por permitir que as pessoas falassem, mas a partir de 1988, principalmente em 1990 e 1991, com o aumento dos problemas econômicos, da inflação e do desemprego, começou a se tornar muito impopular", lembrou.
Segundo ele, já no fim de seu governo, muitos russos o criticavam, afirmando que Gorbachev falava mais do que fazia. Após o fim da URSS, o coro contra o ex-presidente aumentou.
"Apesar do Gorbachev não ser responsável pela crise da URSS sob [Boris] Ieltsin [1990–1999], alguns russos o associaram às dificuldades também do período da década de 1990, em que ele já não era mais o líder. Uma parte mantém essa visão, principalmente os mais velhos", relatou.