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Alemanha vai acumular € 200 bilhões em empréstimos para compensar crise de energia

© AP Photo / Michael SohnBandeiras alemãs tremulam em frente ao edifício do Reichstag, sede do Parlamento Federal Alemão Bundestag, em Berlim, Alemanha
Bandeiras alemãs tremulam em frente ao edifício do Reichstag, sede do Parlamento Federal Alemão Bundestag, em Berlim, Alemanha - Sputnik Brasil, 1920, 30.09.2022
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Em meio à alta de preços da energia, a "superpotência industrial" Alemanha anunciou um programa maciço de ajuda governamental oferecendo "soluções sob medida" para superar a crise energética, já que vários ministros do governo alertaram sobre "revoltas populares" caso os custos disparassem fora de controle.
O governo alemão está se preparando para acumular € 200 bilhões (cerca de R$ 1,054 trilhão) em novas dívidas para compensar o impacto amargo da crise energética, informou a Bloomberg.
Um teto para o preço da gasolina foi anunciado pelo chanceler alemão, Olaf Scholz, para proteger as famílias e as empresas da disparada de preços. Sob a medida de salvaguarda econômica proposta, o Estado vai estabelecer um limite para os preços do gás e pagar a diferença entre esse teto e o que os importadores de gás pagam no mercado mundial.
"O governo alemão fará tudo o que estiver ao seu alcance para baixar os preços [da energia]. Estamos agora colocando um grande guarda-chuva defensivo [...] que dotaremos de € 200 bilhões", anunciou o chanceler Olaf Scholz em entrevista coletiva em Berlim na quarta-feira (28).
Os detalhes do teto de preço do gás vão ser elaborados por um grupo de especialistas, com recomendações a serem apresentadas em meados de outubro.
Anteriormente, o governo planejava compensar os fornecedores com uma taxa sobre as contas de gás dos consumidores, mas em meio a uma reação negativa ao aumento das contas de energia a proposta foi descartada.
Berlim pretende utilizar seu Fundo de Estabilização Econômica (WSF, na sigla em alemão) do período da pandemia de COVID-19, que expirou oficialmente no verão europeu e não faz parte do orçamento federal regular para financiar a fixação do preço do gás. Isso vai ajudar a evitar quebrar o "freio da dívida" da Alemanha — o limite constitucional para a captação da dívida.
"O fundo de estabilização econômica é um instrumento de crise que já provou seu valor na crise da COVID-19, como provou o resgate da Lufthansa", disse o porta-voz do orçamento do governo de coalizão, Dennis Rohde, do Partido Social Democrata (SPD, na sigla em alemão).
O ministro das Finanças, Christian Lindner, disse que a medida não deve alimentar mais inflação e insistiu que o fundo não implicaria mais empréstimos regulares.
"Queremos separar claramente os gastos de crise de nossa gestão orçamentária regular. Queremos enviar um sinal muito claro aos mercados de capitais: mesmo que agora usemos um guarda-chuva tão defensivo, a Alemanha manterá sua política fiscal orientada para a estabilidade e sustentabilidade", disse Lindner.
O governo também está considerando usar um imposto inesperado sobre os lucros das empresas de energia que não usam gás para gerar energia.
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'Abordagem errada'

O plano do governo alemão de limitar os preços do gás foi criticado pelo Tribunal de Contas Federal na quinta-feira (29).
Em comentários enviados por e-mail ao Politico, o presidente do Tribunal de Contas Federal da Alemanha, Kay Scheller, expressou desaprovação da estratégia de colocar uma enorme quantidade de novas dívidas fora do orçamento regular.
"Quando o dinheiro é sacado de fundos especiais, o Estado tem que pedir emprestado. Em última análise, fundos especiais, mesmo que não sejam chamados assim, são dívida federal", advertiu Scheller.
O professor de política energética Lion Hirth, da Hertie School, em Berlim, também denunciou o teto de preço da gasolina como "exatamente a abordagem errada".
"A indústria reverteria todos os seus esforços para economizar e queimaria mais gás novamente, as instalações de armazenamento ficariam vazias e os políticos acabariam tendo que fechar empresas à força em grande escala. Ninguém pode querer isso", disse Hirth à Bloomberg.
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A inflação é uma grande preocupação na Alemanha, onde a taxa está atualmente em torno de 7,9%. De acordo com estimativas oficiais, a taxa de inflação deve ser de +10,0% em setembro de 2022 — a taxa mais alta em 70 anos.
Os preços da energia dispararam em meio à pressão de Bruxelas para "eliminar gradualmente" ou reduzir drasticamente as entregas russas de petróleo, gás e carvão para "punir" Moscou por sua operação militar especial na Ucrânia. Após o início da operação da Rússia em 24 de fevereiro de 2022, vários pacotes de sanções contra Moscou foram adotados pela União Europeia (UE), que o presidente russo, Vladimir Putin, caracterizou como "suicidas" por aumentarem os custos de energia.
Desde então, muitos governos da UE foram forçados a recorrer a medidas de contingência. O governo alemão tomou medidas para encher as instalações de armazenamento de gás antes do inverno (no Hemisfério Norte) e, para reduzir o consumo de gás, deu luz verde às usinas a carvão para operar novamente. No entanto, o regulador de rede da Alemanha, o Bundesnetzagentur, disse que o consumo de gás estava bem acima da média, aumentando 14,5% em comparação com a média de 2018-2021, segundo dados citados pela Bloomberg. O presidente da agência, Klaus Mueller, chamou os números de "muito preocupantes" na quarta-feira, acrescentando que sem economias consideráveis, também no setor privado, "será difícil evitar uma escassez de gás neste inverno".
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