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'De igual pra igual': brasileiros e russos discutem relacionamento em reunião de experts do Valdai
'De igual pra igual': brasileiros e russos discutem relacionamento em reunião de experts do Valdai
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Encontro anual do Clube Valdai de Discussões Internacionais realizado em Moscou garante plataforma para que especialistas russos e brasileiros discutam as... 25.10.2022, Sputnik Brasil
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Nesta semana, especialistas de diversos países estão reunidos na 19ª Reunião Anual do Clube Valdai de Discussões Internacionais, em Moscou, para debater a construção de uma nova ordem multipolar, que suplantará a decrescente hegemonia norte-americana.Representantes de Brasil, Índia, China e Irã debateram os desafios contemporâneos com autoridades russas, como o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, e o conselheiro da presidência russa, Maksim Oreshkin.Segundo Gielow, as autoridades russas não só expõem o seu posicionamento durante o evento, mas também ouvem as ideias dos representantes internacionais."É um diálogo estabelecido para trocar visões de mundo: você não precisa concordar ou discordar, mas conversar de igual pra igual", declarou Gielow à Sputnik Brasil. "O diálogo aberto é a melhor forma para solucionar qualquer tipo de crise."O Brasil pode ter papel central na nova configuração internacional proposta pela Rússia. As relações entre Brasília e Moscou estão na agenda do evento, que será encerrado na quinta-feira (27) com a participação do presidente russo, Vladimir Putin.Neutralidade brasileira em cheque?As relações entre Brasil e Rússia passam por momento positivo, apesar da crise ucraniana. Contrariando a expectativa de especialistas ocidentais, o comércio entre Brasília e Moscou cresceu no primeiro trimestre de 2022, quando comparado ao ano anterior.A posição de neutralidade capitaneada pelo Itamaraty, que condena os acontecimentos de fevereiro de 2022, mas não adere às sanções econômicas contra a Rússia, é celebrada por Moscou.A série de votos brasileiros favoráveis à Rússia em organizações internacionais, no entanto, foi interrompida no dia 12 de setembro, quando o Brasil votou pela condenação da adesão de novos territórios ao Estado russo na Assembleia Geral da ONUSegundo ele, a Rússia compreende que o reconhecimento da adesão dos novos territórios à Rússia poderia abrir precedentes em relação a outros casos internacionais, como o de Kosovo e das Ilhas Malvinas."O Brasil segue uma política de neutralidade política e econômica que remete ao período de Barão do Rio Branco. Essa consistência brasileira é mais importante para nós do que a votação de qualquer resolução em particular", afirmou Razumovsky.O especialista lembrou que, ainda em outubro, o Itamaraty optou por não assinar uma declaração que condenava a Rússia no âmbito da Organização dos Estados Americanos (OEA), por não considerar o foro competente para debater a crise ucraniana.Diesel de BolsonaroAs relações positivas com a Rússia viraram tema eleitoral no Brasil. O candidato Jair Bolsonaro se gaba de sua interlocução com Moscou, que garantiria diesel barato para a economia brasileira.A prontidão russa, no entanto, não se reflete na importação de produtos brasileiros. O comércio com a Rússia tem sido deficitário para o Brasil."Não podemos olhar para esses dados com um ponto de vista essencialmente mercantilista", contemporizou Razumovsky. "Nos últimos anos a Rússia tem tido um superávit comercial com o Brasil, mas não nos esqueçamos que durante muitos anos a Rússia era a deficitária."O déficit brasileiro é amplamente creditado ao mal desempenho do setor de carnes brasileiro, em função da política de substituição de importações da Rússia.Altas tarifas comerciais, aliadas às dificuldades impostas pelas sanções econômicas não apontam para uma redução fácil do déficit comercial brasileiro com a Rússia, acredita o especialista."As frutas brasileiras podem ser demandadas. Vemos periodicamente mangas brasileiras nas prateleiras [dos supermercados]", relatou Andrei. "Faltam frutas tropicais aqui, e o consumidor [russo] está acostumado com elas."Andrei também aponta o mercado de queijos como promissor para o Brasil. De fato, a Rússia já é grande mercado exportador para empresas brasileiras do ramo, como a Tirolez.Apesar da pujança do setor de alimentos, ambos os lados gostariam de ver setores de maior valor agregado na pauta comercial. Para Razumovsky, o setor de aviação brasileiro poderia ocupar o espaço deixado na Rússia por empresas ocidentais.Para o especialista, empresas brasileiras teriam mais chances no mercado russo "caso não temessem ser alvo de sanções secundárias" impostas pelos EUA e seus aliados europeus.Amarras econômicas como essas são justamente as que estão na pauta do clube de discussão de Valdai, que debate a construção de uma nova ordem mundial política e econômica mais justa e igualitária.A 19ª Reunião Anual do Clube Valdai de Discussões Internacionais, intitulada "Mundo pós-hegemônico: justiça e igualdade para todos", ocorre entre os dias 24 e 27 de outubro em Moscou e contará com a presença do presidente russo Vladimir Putin durante cerimônia de encerramento.
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'De igual pra igual': brasileiros e russos discutem relacionamento em reunião de experts do Valdai
16:07 25.10.2022 (atualizado: 05:40 26.10.2022) Especiais
Encontro anual do Clube Valdai de Discussões Internacionais realizado em Moscou garante plataforma para que especialistas russos e brasileiros discutam as relações bilaterais. Para analista, empresas brasileiras precisam de coragem para ocupar seu espaço na Rússia.
Nesta semana, especialistas de diversos países estão reunidos na 19ª Reunião Anual do Clube Valdai de Discussões Internacionais, em Moscou, para debater a construção de uma nova ordem multipolar, que suplantará a decrescente hegemonia norte-americana.
Representantes de Brasil, Índia, China e Irã debateram os desafios contemporâneos com autoridades russas, como o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, e o conselheiro da presidência russa, Maksim Oreshkin.
"A iniciativa do clube Valdai é importante para debater a situação internacional, tensionada pela questão ucraniana, e permite acesso a autoridades e intelectuais do lado russo", relatou o correspondente da Folha de São Paulo, Igor Gielow, que representa o Brasil no evento.
Segundo Gielow, as autoridades russas não só expõem o seu posicionamento durante o evento, mas também ouvem as ideias dos representantes internacionais.
"É um diálogo estabelecido para trocar visões de mundo: você não precisa concordar ou discordar, mas conversar de igual pra igual", declarou Gielow à Sputnik Brasil. "O diálogo aberto é a melhor forma para solucionar qualquer tipo de crise."
O Brasil pode ter papel central na nova configuração internacional proposta pela Rússia. As relações entre Brasília e Moscou estão na agenda do evento, que será encerrado na quinta-feira (27) com a participação do presidente russo, Vladimir Putin.
Neutralidade brasileira em cheque?
As relações entre Brasil e Rússia passam por momento positivo, apesar da crise ucraniana. Contrariando a expectativa de especialistas ocidentais, o
comércio entre Brasília e Moscou cresceu no primeiro trimestre de 2022, quando comparado ao ano anterior.
A posição de neutralidade capitaneada pelo Itamaraty, que condena os acontecimentos de fevereiro de 2022, mas não adere às sanções econômicas contra a Rússia, é celebrada por Moscou.
A série de votos brasileiros favoráveis à Rússia em organizações internacionais, no entanto, foi interrompida no dia 12 de setembro, quando o
Brasil votou pela condenação da adesão de novos territórios ao Estado russo na Assembleia Geral da ONU
"O voto brasileiro era esperado", disse o diretor do Instituto da América Latina da Academia de Ciências da Rússia, Dmitry Razumovsky, à Sputnik Brasil. "Entendemos que os formuladores brasileiros fundamentaram seu voto nas bases de sua política externa, e que a realização do referendo e adesão dos territórios à Rússia violaria alguns princípios, na visão do Brasil."
Segundo ele, a Rússia compreende que o reconhecimento da
adesão dos novos territórios à Rússia poderia abrir precedentes em relação a outros casos internacionais, como o de Kosovo e das Ilhas Malvinas.
"O Brasil segue uma política de neutralidade política e econômica que remete ao período de Barão do Rio Branco. Essa consistência brasileira é mais importante para nós do que a votação de qualquer resolução em particular", afirmou Razumovsky.
O especialista lembrou que, ainda em outubro, o Itamaraty optou por não assinar uma declaração que condenava a Rússia no âmbito da Organização dos Estados Americanos (OEA), por não considerar o foro competente para debater a crise ucraniana.
As
relações positivas com a Rússia viraram tema eleitoral no Brasil. O candidato Jair Bolsonaro se gaba de sua interlocução com Moscou, que garantiria diesel barato para a economia brasileira.
"A Rússia tem experiência no fornecimento de combustíveis para países latino-americanos como o México. Temos a nossa própria frota de navios-tanques que podem transportar esse produto", relatou Razumovsky. "Então há capacidade de fornecimento contínuo [de diesel], mesmo no contexto das sanções e demais restrições."
A prontidão russa, no entanto, não se reflete na importação de produtos brasileiros. O
comércio com a Rússia tem sido deficitário para o Brasil.
"Não podemos olhar para esses dados com um ponto de vista essencialmente mercantilista", contemporizou Razumovsky. "Nos últimos anos a Rússia tem tido um superávit comercial com o Brasil, mas não nos esqueçamos que durante muitos anos a Rússia era a deficitária."
O déficit brasileiro é amplamente creditado ao mal desempenho do setor de carnes brasileiro, em função da política de substituição de importações da Rússia.
"Nos últimos anos a Rússia substituiu completamente as importações de carne de aves e suínos, que estão muito próximas a zero", disse o diretor do centro de expertise setorial do Rosselkhozbank, Andrei Dalnov, à Sputnik Brasil. "Essas indústrias vão inclusive competir cada vez mais com o Brasil no mercado mundial."
Altas tarifas comerciais, aliadas às dificuldades impostas pelas sanções econômicas não apontam para uma redução fácil do déficit comercial brasileiro com a Rússia, acredita o especialista.
"As frutas brasileiras podem ser demandadas. Vemos periodicamente mangas brasileiras nas prateleiras [dos supermercados]", relatou Andrei. "Faltam frutas tropicais aqui, e o consumidor [russo] está acostumado com elas."
Andrei também aponta o mercado de queijos como promissor para o Brasil. De fato, a Rússia já é grande mercado exportador para empresas brasileiras do ramo, como a Tirolez.
Apesar da pujança do setor de alimentos, ambos os lados gostariam de ver setores de maior valor agregado na pauta comercial. Para Razumovsky, o setor de aviação brasileiro poderia ocupar o espaço deixado na Rússia por empresas ocidentais.
"A Embraer teria potencial para cobrir a demanda de uma parte do nosso mercado", acredita Razumovsky. "Mas a empresa teria que rever a sua decisão de não comercializar com a Rússia, tomada na esteira de decisões similares da Boeing e da Airbus."
Para o especialista, empresas brasileiras teriam mais chances no mercado russo "caso não temessem ser alvo de sanções secundárias" impostas pelos EUA e seus aliados europeus.
Amarras econômicas como essas são justamente as que estão na pauta do clube de discussão de Valdai, que debate a construção de uma nova ordem mundial política e econômica mais justa e igualitária.
A 19ª Reunião Anual do Clube Valdai de Discussões Internacionais, intitulada "Mundo pós-hegemônico: justiça e igualdade para todos", ocorre entre os dias 24 e 27 de outubro em Moscou e contará com a presença do presidente russo Vladimir Putin durante cerimônia de encerramento.