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Governo Bolsonaro fez da América do Sul um palco de disputa entre EUA, Rússia e China, diz transição

© Sputnik / Marcos Corrêa / Palácio do Planalto Cerimônia de Apresentação de Cartas Credenciais dos novos Embaixadores (foto de arquivo)
Cerimônia de Apresentação de Cartas Credenciais dos novos Embaixadores (foto de arquivo) - Sputnik Brasil, 1920, 23.12.2022
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Na análise, grupo de transição indica que política externa da gestão vigente cometeu "erros estratégicos" em isolar o Brasil de países e associações sul-americanas. Além disso, recomenda "calma" nas negociações entre a UE e o Mercosul, assim como na entrada brasileira na OCDE.
Além da montagem dos ministérios e indicações, quando um governo não se reelege, é comum que a futura gestão faça uma avaliação, em diversas áreas, das diretrizes adotadas por quem está deixando o poder. Sendo assim, um dos setores analisados é o da política externa, nesse caso, a estruturada pela administração do presidente Jair Bolsonaro.
Segundo o relatório final do núcleo de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, o governo Bolsonaro cometeu um "erro estratégico" ao isolar a Venezuela e transformou "a América do Sul em palco da disputa geopolítica entre EUA, Rússia e China".
No documento citado pela Folha de São Paulo, o governo Bolsonaro desestimulou a integração do Brasil com países vizinhos, o que resultou no "desmonte da União de Nações Sul-Americanas [UNASUL], na saída da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos [CELAC] e no crescimento de forças favoráveis ao desmantelamento do Mercosul enquanto união aduaneira". O Brasil deixou a UNASUL em novembro de 2019, e em seguida a CELAC em 2020, após decretos assinados pelo presidente.
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Sendo assim, uma das primeiras providências será suspender a portaria que proíbe a entrada de altas autoridades venezuelanas, entre elas o presidente Nicolás Maduro, no Brasil. Além disso, segundo a avaliação do grupo, é necessário reabrir o mais rápido possível a embaixada e o consulado brasileiros em Caracas, fechados desde o início de 2020, relata a mídia.
"[O Brasil passou] de catalisador de processos de integração, a ser fator de instabilidade regional", diz o relatório.
A avaliação da transição petista é de que isolar a Venezuela não trouxe nenhum benefício, e a situação só piorou. Além de citar os cerca de 10.000 brasileiros em território venezuelano sem assistência consular, diz a mídia.
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Ainda segundo pontos destacados no documento, fica clara a intenção da nova gestão de "apressar a reintegração latino-americana". Prova disto seria o fato de que a primeira viagem internacional de Lula acontecerá no dia 24 de janeiro, quando o presidente eleito seguirá à Argentina para participar da cúpula da CELAC, conforme noticiado.
O diagnóstico do grupo de transição também pede o fortalecimento do Mercosul – o oposto do que vinha pregando o atual ministro da Economia, Paulo Guedes – e recomenda calma nas negociações para a acessão à OCDE e para o acordo comercial União Europeia-Mercosul.
Sobre o acordo comercial com a UE, há a percepção de que houve uma negociação às pressas para fechar o tratado ainda durante o governo de Mauricio Macri na Argentina — embora o acordo esteja em negociação há mais de 20 anos — e que seria preciso voltar para a mesa de negociações.
Há também menções ao afastamento brasileiro das questões ambientais e climáticas por posições negacionistas e, por isso, o Brasil "perdeu protagonismo em temas ambientais, desafiou esforços de combate à pandemia e promoveu visão dos direitos humanos inconsistente com sua ordem jurídica".
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O relatório do grupo de trabalho encerra o diagnóstico alertando para a dívida brasileira com organizações internacionais, atualmente em R$ 5,5 bilhões. A dívida "representa grave prejuízo à imagem do país e à sua capacidade de atuação e compromete severamente sua política externa".
"Se um valor mínimo dessa dívida não for pago ainda no atual exercício, haverá perda de voto em organizações como a ONU, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura [FAO] e a Organização Internacional do Trabalho [OIT]."
O documento foi encaminhado aos futuros ministros, a Lula e a seu vice, e agora também ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin (PSB).
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