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Sob protestos de Marina Silva, Marinha planeja afundar porta-aviões São Paulo em águas brasileiras

© Folhapress / Mídia AssociadaPorta-aviões São Paulo
Porta-aviões São Paulo - Sputnik Brasil, 1920, 28.01.2023
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Ministra procurou chefe da Defesa para expor preocupação, mas decisão cabe exclusivamente à Marinha, e governo não estaria disposto a abrir nova tensão com as Forças Armadas. Estado do porta-aviões é crítico e se apenas mais 700 litros de água entrarem nele, sua navegação não será mais segura.
A saga do porta-aviões São Paulo, o maior porta-aviões do Brasil, ainda não acabou. A embarcação de 266 metros de comprimento e 32,8 mil toneladas está à deriva no mar há quatro meses desde que foi barrado de entrar na Turquia por questões ambientais.
Na semana passada, a Marinha do Brasil informou que assumiu o controle da embarcação, e agora, mesmo sob protestos da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, a força pretende afundar o casco do porta-aviões no mar brasileiro, de acordo com a Folha de São Paulo.
A técnica utilizada seria o afundamento controlado, realizado por uma série de explosões para abrir rasgos no casco, o que faria as águas brasileiras receberem uma enorme quantidade de amianto. O amianto é uma fibra natural que apesar das várias aplicações industriais é bastante prejudicial à saúde humana, e teve seu uso banido em diversos países.
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Essa foi a principal preocupação de Ancara em receber o porta-aviões. Mesmo com a declaração da Marinha de que na década de 1990, 55 toneladas da substância foram retiradas da embarcação, o produto ainda está presente em suas paredes totalizando 9,6 toneladas.
No dia 13 de janeiro, quando foi submetido a uma inspeção técnica, o porta-aviões navegava sob reboque a 20 milhas náuticas do Porto de Suape, em Pernambuco. Na inspeção foi constado um novo rasgo no casco, aumento do nível de alagamento e corrosão em comparação à vistoria realizada quatro meses antes, relata a mídia.

"Pode ser constatado o aumento crítico da degradação da segurança do casco, quer seja pela perda das condições de flutuabilidade, quer seja pela perda irreversível da estabilidade mínima em avaria para navegação em mar aberto, além do aumento da extensão da avaria do casco", alertou o diagnóstico da averiguação.

A proposta de afundamento fez a discussão sobre o porta-aviões chegar ao primeiro escalão do governo. A pessoas próximas, Marina Silva tem manifestado preocupação com os danos ambientais.
De acordo com a mídia, a ministra chegou a procurar o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, para falar sobre o assunto, mas a decisão cabe exclusivamente à Marinha, escreve a Folha. Ao mesmo tempo, o governo não estaria disposto a abrir um novo foco de tensão com as Forças Armadas em meio às investigações dos responsáveis pelas invasões das sedes dos três Poderes, ocorridas no dia 8 de janeiro.
Há pressa para resolver a questão uma vez que de agosto de 2022 até agora, 2.787 litros de água entraram na embarcação. O limite para navegação em segurança é de 3.530,7 litros.
"É possível afirmar que se pode garantir a segurança da navegação até que se chegue ao limite ora estabelecido de embarque de mais 743 m³ de água, prevista para acontecer, nas melhores hipóteses, em, no máximo, quatro semanas", adverte.
O porta-aviões São Paulo foi vendido pela Marinha ao estaleiro turco Sok Denizcilik and Ticaret Limited, especializado em desmanche de navios, em um leilão em outubro de 2021. O navio deixou o Brasil no dia 4 de agosto, em viagem que gerou protestos pelo mundo e foi monitorada em tempo real pelo Greenpeace.
Com a pressão internacional sobre os riscos ambientais, e o porta-aviões tendo sido barrado já pelo governo britânico quando passava pelo estreito de Gibraltar, o estaleiro turco o abandonou. A mídia afirma que o governo brasileiro planeja entrar na Justiça contra o estaleiro, alegando inclusive danos à imagem do Brasil no exterior.
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