Governo brasileiro acerta ao manter participação em feira comercial na Rússia, diz empresário
12:12 07.02.2023 (atualizado: 10:05 08.02.2023)
© Foto / APEX Brasil Embaixador do Brasil em Moscou, Rodrigo Baena Soares, inaugura estande do Brasil na feira de alimentos Prodexpo, em Moscou, Rússia, 6 de fevereiro de 2023.
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Alternativas de pagamento e criatividade logística: empresários brasileiros presentes na feira de alimentos Prodexpo, em Moscou, contaram à Sputnik Brasil como manter os negócios com a Rússia em meio à crise geopolítica.
Empresários do ramo de bebidas e alimentos de mais de 35 países estão reunidos na feira Prodexpo, realizada na capital russa, entre os dias 6 e 10 de fevereiro.
O Brasil participa do evento com estande nacional patrocinado pela Agência de Promoção de Exportações (ApexBrasil) e inaugurado nesta segunda-feira (7) pelo embaixador do Brasil em Moscou, Rodrigo Baena Soares.
O diretor do escritório da ApexBrasil em Moscou, Almir Américo, contou que o país participa da Prodexpo há mais de 15 anos.
"No ano passado, a ApexBrasil marcou presença na Prodexpo e os resultados foram muito positivos", disse Américo à Sputnik Brasil. "Nós fortalecemos as exportações de produtos alimentícios, apesar de ter sido um ano desafiante para a Rússia."
De acordo com Américo, as exportações brasileiras para a Rússia cresceram em 2022, atingindo US$ 1,9 bilhão (cerca de R$ 9,8 bilhões). Ele nota que "entre 85% e 90% desse total foram de gêneros alimentícios, que são exatamente os produtos que nós promovemos na Prodexpo".
© Foto / APEX BrasilEmbaixador do Brasil em Moscou, Rodrigo Baena Soares (segundo a partir da esquerda), acompanhado do conselheiro da República Dominicana no Brasil, Nelson Ortega (primeiro à esquerda), do diretor da APEX Brasil, Almir Américo (segundo a partir da direita) e do chefe do setor comercial da Embaixada, Hugo Lins, na feira Prodexpo, Moscou, 6 de fevereiro de 2023
Embaixador do Brasil em Moscou, Rodrigo Baena Soares (segundo a partir da esquerda), acompanhado do conselheiro da República Dominicana no Brasil, Nelson Ortega (primeiro à esquerda), do diretor da APEX Brasil, Almir Américo (segundo a partir da direita) e do chefe do setor comercial da Embaixada, Hugo Lins, na feira Prodexpo, Moscou, 6 de fevereiro de 2023
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O objetivo é que, em 2023, o Brasil exporte ainda mais, para diminuir o déficit comercial que acumula com a Rússia. O agronegócio brasileiro importa volumes significativos de fertilizantes russos, para garantir a produtividade de sua colheita.
"Acho que a ApexBrasil acertou de manter a participação do Brasil na feira", disse o gerente de exportações da empresa de produtos lácteos Tirolez, Paulo Hegg, à Sputnik Brasil. "Não tem por que o governo deixar de investir em ações para promover as exportações brasileiras para cá."
Segundo ele, os produtos exportados pela Tirolez há mais de seis anos para a Rússia podem contribuir para equilibrar a balança comercial entre os dois países.
© Sputnik / Konstantin MikhaltchevskiyProdução de queijo (foto de arquivo)
Produção de queijo (foto de arquivo)
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"Acredito que o governo russo reconhece a importância do Brasil e contribuirá para diminuir esse déficit promovendo a entrada de produtos que, ainda que tenham volumes pequenos perto dos fertilizantes, são muito importantes para nós", considerou Hegg. "É um toma lá, dá cá."
Amendoim de inverno
Apesar do bom desempenho, as exportações de produtos alimentícios para a Rússia passam por um momento de reestruturação. Durante muitos anos, a carne bovina e demais proteínas animais eram o carro-chefe das exportações brasileiras para o país euroasiático.
"Nós trabalhamos há muito tempo com o mercado da Rússia e acompanhamos desde os tempos áureos, quando eles iniciaram a importação de carnes do Brasil, que atingiam grandes volumes, e toda a modificação que aconteceu ao longo dos anos", disse a gerente de vendas da trader de carnes LpExport, Márcia Datoé, à Sputnik Brasil.
Nos últimos anos, a Rússia implementou política de substituição de importações em diversos setores, inclusive no alimentício. Atualmente, empresas russas como a Miratorg abastecem o mercado local de carne bovina, com produto de qualidade, produzido nacionalmente.
© Sputnik / Yevgenya NovojeninaFuncionários de frigorífico da empresa russa Miratorg, na região de Bryansk, Rússia (foto de arquivo)
Funcionários de frigorífico da empresa russa Miratorg, na região de Bryansk, Rússia (foto de arquivo)
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"Mas continuamos enviando volumes significativos de bovinos para cá, desde miúdos até carne para o varejo", relata Datoé. "Além disso, trabalhamos com mercados dessa região, como Azerbaijão, Geórgia e Armênia."
A relativa diminuição da participação das carnes na pauta de exportação brasileira foi acompanhada da emergência de novos produtos, com destaque para o amendoim e castanhas produzidos no Brasil.
"A Rússia hoje é o destino de 40% dos amendoins exportados pelo Brasil", relatou o sócio-fundador da GBC groups, Rodrigo Emed, à Sputnik Brasil. "Estamos exportando para a Rússia há seis anos, e temos clientes bons e fiéis por aqui."
Emed conta que os negócios da sua empresa não pararam em função da imposição de sanções econômicas pelos países da OTAN e aliados, a partir de fevereiro de 2022.
© Foto / APEX BrasilRepresentantes da GBC Group recebem visitantes no estande do Brasil na feira de alimentos Prodexpo, Moscou, Rússia, 6 de fevereiro de 2023.
Representantes da GBC Group recebem visitantes no estande do Brasil na feira de alimentos Prodexpo, Moscou, Rússia, 6 de fevereiro de 2023.
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"Nós não paramos. Trouxemos algumas alternativas para pagamento para os nossos clientes, uma vez que temos escritórios em diversos lugares do mundo", relatou Emed. "A nossa empresa também tem um braço logístico, então pudemos desenvolver novos caminhos alternativos para exportar."
O empresário conta que investimentos da Embrapa fizeram a qualidade do amendoim brasileiro aumentar, o que é muito apreciado pelos russos: "No clima russo, poder contar com a gordura e proteína do amendoim ajuda bastante."
© Sputnik / Anton VergunSemana em fotos
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A expectativa dos empresários e autoridades presentes na feira de alimentos Prodexpo é de aumento das importações russas oriundas de países que não aderiram às sanções econômicas.
Nas palavras do presidente da Câmara de Comércio e Indústria da Rússia, Sergei Katyrin, proferidas durante a cerimônia de abertura da Prodexpo, nesta segunda-feira (6), "os expositores que estão aqui sabem que questões políticas não devem ser obstáculos para boas relações comerciais".
Entre os dias 6 e 10 de fevereiro, é realizada a feira de alimentos Prodexpo em Moscou, Rússia. O Brasil conta com estande nacional no evento, que conta com a participação de expositores de 35 países, incluindo China, Portugal, Peru, Sérvia e Turquia.