Lula envia Celso Amorim em 'missão secreta' à Venezuela para 1ª reunião do governo com Maduro
© Folhapress / Vanessa CarvalhoCelso Amorim em entrevista em Brasília, 5 de outubro de 2022
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Viagem do assessor especial não foi informada pelo Itamaraty e poucas pessoas dentro do órgão sabiam da missão. No entanto, um dos principais tópicos na pauta foi a discussão da dívida da Venezuela com o Brasil, que tem parcela a ser paga em breve.
Desde que começou seu terceiro mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem reconstruindo os laços do Brasil com a Venezuela, além de expressar publicamente que tem a intenção de se aproximar novamente de Caracas.
Prosseguindo com as políticas de reaproximação, Lula, por iniciativa pessoal, enviou ontem (8) uma pequena equipe à capital venezuelana, que conta dom o seu assessor especial para assuntos internacionais, Celso Amorim, para o primeiro encontro de alto nível do governo com o chefe de Estado venezuelano, Nicolás Maduro.
De acordo com o jornal O Globo, a reunião foi mantida em segredo pelo Palácio do Planalto, entretanto, foi divulgada após o tweet de Maduro dando boas-vindas a Amorim.
Sostuve un grato encuentro con la Delegación de la República Federativa de Brasil, encabezada por Celso Amorim. Estamos comprometidos con renovar nuestros mecanismos de unión y solidaridad que garanticen el crecimiento y bienestar de Venezuela y Brasil. pic.twitter.com/29M0AOClXF
— Nicolás Maduro (@NicolasMaduro) March 9, 2023
A viagem de Amorim surpreendeu até mesmo integrantes do Itamaraty, embora o chanceler, Mauro Vieira, tivesse sido informado, segundo fontes do Ministério das Relações Exteriores citadas pela mídia.
Ainda segundo o jornal, o assessor especial foi até Caracas ter uma primeira conversa sobre a situação política no país, a importância das eleições presidenciais de 2024, além de temas da relação bilateral, entre eles a dívida que o país tem com o Brasil, de cerca de US$ 1 bilhão (RS 5,4 bilhões), dos quais 80% são com o BNDES.
Uma parcela desta dívida, de em torno de US$ 100 milhões (R$ 513 milhões), vence em breve, e o governo Lula vem discutindo internamente como lidar com a questão.
Além da dívida, a eleição no ano que vem na Venezuela também é alvo de interesse do governo. Segundo a mídia, as eleições de 2024 são vistas como uma oportunidade que não pode ser perdida em termos de recomposição da democracia venezuelana.
© Foto / Gustavo Ferreira / MRE do BrasilVisita do então ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Nicolás Maduro, e o então chanceler Celso Amorim recebe Maduro em Brasília, 10 de dezmebro de 2009
Visita do então ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Nicolás Maduro, e o então chanceler Celso Amorim recebe Maduro em Brasília, 10 de dezmebro de 2009
© Foto / Gustavo Ferreira / MRE do Brasil
Se o chavismo perder, a expectativa do Brasil é de que o poder seja entregue ao vencedor legítimo do pleito, sem sobressaltos.
Na véspera do encontro com o assessor presidencial brasileiro, Maduro se reuniu com o chanceler da Colômbia, Álvaro Leyva, também em Caracas.
Na Venezuela, a sensação entre fontes locais ouvidas pelo jornal é de que os governos de Gustavo Petro e Lula querem contribuir para que a situação política venezuelana se normalize e estabilize.