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Analista: envio de munições de urânio empobrecido a Kiev 'poderia ser ponto de virada no conflito'

© AFP 2023 / Stan HondaMunições de urânio
Munições de urânio - Sputnik Brasil, 1920, 22.03.2023
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Isso foi afirmado à Sputnik pela acadêmica Sandra Kanety, do Centro de Relações Internacionais da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM). Para a especialista, trata-se de um ponto de viragem no conflito por se tratar de armas nucleares de alta toxicidade e radiação.
A decisão, anunciada na terça-feira (21) pela vice-ministra da Defesa britânica, Annabel Goldie, surpreendeu os observadores por se tratar de uma escalada bélica quando o governo russo voltou a apoiar a proposta de paz de Pequim, depois da bem-sucedida reunião entre o líder chinês, Xi Jinping, e seu homólogo russo, Vladimir Putin, em Moscou.

"Além de fornecer um esquadrão de [...] tanques Challenger 2 à Ucrânia, forneceremos munições, incluindo projéteis perfurantes contendo urânio empobrecido", explicou Goldie em um comunicado.

Por sua vez, o chanceler russo, Sergei Lavrov, disse que a decisão britânica "prejudica a estabilidade no mundo".
Sergei Lavrov, ministro das Relações Exteriores da Rússia, participa de coletiva de imprensa após discussões com Sergei Aleynik, seu homólogo de Belarus, em Minks, Belarus, 19 de janeiro de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 21.03.2023
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Lavrov: 'Decisão britânica de enviar urânio empobrecido a Kiev prejudica estabilidade estratégica'
Para Sandra Kanety, professora da UNAM especializada em relações internacionais, trata-se de uma determinação "claramente negativa" que vai prolongar o conflito e violar o direito internacional.
"Muitos documentos legais do regime internacional estabelecem que a utilização de armas nucleares viola o direito internacional. Aqui a discussão centra-se precisamente sobre se os projéteis com urânio empobrecido são ou não uma arma nuclear", acrescentou a universitária.

"O Reino Unido diz que não, a Rússia disse que sim. Em minha opinião, sendo o urânio empobrecido um subproduto do urânio natural, que causa importantes níveis de radiação, que graças a ele se obtém combustível nuclear, deve ser catalogado como arma nuclear", sentenciou.

Usar esses projéteis no conflito, disse Kanety, pode significar cometer crimes de guerra.

"Verificou-se nos casos da Iugoslávia e do Iraque, onde foram utilizados projéteis com urânio empobrecido, que os seus efeitos na saúde afetam não só a população que se quer atacar, mas também os próprios exércitos que o utilizam e as populações civis, pela sua alta toxicidade e radicação."

A especialista conjectura que a decisão do Reino Unido poderia ser uma reação à visita de Xi Jinping a Moscou, na qual o presidente chinês manifestou o seu firme apoio à operação militar especial russa na Ucrânia.
"Junto com a provisão de um esquadrão de tanques de batalha Challenger 2 para a Ucrânia, forneceremos munições, incluindo cartuchos de blindagem que contêm urânio empobrecidos", adverte.
Para Kanety, este é mais um sinal de que as intenções do Ocidente em relação à Ucrânia não têm a ver com a paz, mas sim com o confronto com a Rússia.

"Esta decisão prolonga um conflito que também deveria ser bilateral, entre a Ucrânia e a Rússia, ou minimamente regional, mas no qual se envolveram outros países que a única coisa que fizeram foi aumentá-lo. A Rússia tem o maior armamento nuclear do mundo, e esta decisão poderia ser um ponto de virada no conflito e um erro muito grave por parte do Ocidente", enfatizou.

Munições com urânio empobrecido que foram usadas durante bombardeios da OTAN na Iugoslávia nos anos 1990, imagem referencial - Sputnik Brasil, 1920, 21.03.2023
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Reino Unido decidiu fornecer munições de urânio empobrecido à Ucrânia
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