Mais cautelosos, Brasil e Índia querem estabelecer condições para expansão do BRICS, diz mídia
11:12 06.06.2023 (atualizado: 14:56 06.06.2023)
© Sputnik / Wu HongDa esquerda para a direita, à frente: o vice-ministro das Relações Exteriores da China, Ma Zhaoxu; o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira; a ministra das Relações Internacionais e Cooperação da África do Sul, Naledi Pandor; o ministro das Relações Exteriores da Índia, Subrahmanyam Jaishankar; e o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov. Os representantes das chancelarias posam para uma foto durante uma conferência dos Amigos do BRICS, na Cidade do Cabo, África do Sul, em 2 de junho de 2023
© Sputnik / Wu Hong
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Apesar de estarem abertos ao movimento, Brasília e Nova Deli querem olhar com mais calma para o processo de expansão do bloco, diferente da intenção chinesa que indica querer acelerar o movimento de adesão, afirma mídia brasileira.
Uma das questões mais discutidas no âmbito do BRICS, principalmente nos últimos meses, é a expansão do bloco, ou seja, sua abertura para entrada de outros países emergentes.
Na sexta-feira passada (2), o chanceler, Mauro Vieira, disse que o governo brasileiro reconhece o sucesso do BRICS e a intenção de outros países entrarem para o grupo. O ministro afirmou que "estamos trabalhando nessa questão da expansão. Temos que assessorar nossos presidentes para o próximo encontro da cúpula em agosto", conforme noticiado.
Entretanto, segundo a coluna de Jamil Chade no UOL, Brasil e Índia estariam mais cautelosos com a entrada de outras nações e querem estabelecer critérios e condições para a adesão de novos membros.
O colunista relata que no governo brasileiro o caso não está sendo tratado como "crise" e muito menos um enfraquecimento da aliança. Mas, ao contrário dos comunicados finais emitidos em 2022 quando o bloco era liderado pela China, os documentos desta semana não trazem qualquer referência à expansão.
Outro argumento usado pelo Brasil é de que a abertura pode, no fundo, criar dificuldades para a aliança. Um exemplo usado dentro do Itamaraty é o fato de que o G7 não passa por expansões. Além disso, haveria outra preocupação: a de reforçar um processo internacional de criação de blocos antagônicos.
Em seu discurso no G7, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que "dividir o mundo entre Leste e Oeste ou Norte e Sul seria tão anacrônico quanto inócuo. É preciso romper com a lógica de alianças excludentes e de falsos conflitos entre civilizações", acrescentando que "coalizões não são um fim em si, e servem para alavancar iniciativas em espaços plurais como o sistema ONU e suas organizações parceiras".
Contudo, Pequim acredita que o momento é de expansão. Para o vice-ministro chinês, Ma Zhaoxu, o modelo do BRICS+ proposto por seu governo quando o país presidiu o bloco em 2022 estava se desenvolvendo "muito rapidamente".
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, também confirmou na semana passada que a ideia de uma expansão acelerada faz parte dos planos de Pequim.
Durante a reunião na África do Sul, governos de todo o mundo desfilaram entre os candidatos que querem um lugar. Entre eles, incluem os países como Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Cuba, República Democrática do Congo, Comores, Gabão e Cazaquistão, além de Egito, Argentina, Bangladesh, Guiné-Bissau e Indonésia.