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Por que o mundo não desiste do petróleo e do gás?

© AFP 2023 / Andy BuchananEast Trough Area Project
East Trough Area Project - Sputnik Brasil, 1920, 04.08.2023
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Políticas sustentáveis e de preservação do meio ambiente ganham cada vez mais notoriedade e consciência global, entretanto, uma das medidas mais discutidas para implementação da diretriz verde no mundo ainda está distante de ser banida: o abandono do uso de petróleo e gás.
Na terça-feira (1º), o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, defendeu a decisão de conceder 100 novas licenças de petróleo e gás no mar do Norte, afirmando que "conceder as novas licenças é a coisa certa a fazer", segundo a BBC.
"Mesmo quando chegarmos a zero líquido em 2050, um quarto de nossas necessidades de energia ainda virá de petróleo e gás e a produção doméstica de gás tem cerca de um quarto ou um terço da pegada de carbono do gás importado", afirmou o premiê.
A decisão de Sunak destaca que nem o Reino Unido nem o resto do mundo têm uma chance realista de cortar o uso de petróleo e gás a curto prazo, diz o colunista da Spiked, James Woudhuysen.
Ambientalistas afirmam que a transição energética é uma mudança global que já está em andamento, e o "sinal verde" de Sunak para aumentar a produção de petróleo inevitavelmente encontrou uma reação negativa de ambientalistas britânicos, que rotularam o político de "criminoso climático".
Contudo, ecologistas e alguns governos falam como se o movimento em direção à energia limpa e renovável já fosse um acordo fechado para o resto do mundo, quando não é.
A bandeira chinesa é retratada em frente a estoques de carvão sendo manejados na região de Ordos, China, 4 de novembro de 2015 (foto de arquivo) - Sputnik Brasil, 1920, 20.07.2023
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A Ásia, por exemplo, continuará a usar combustíveis fósseis como meio de geração de eletricidade. A consultoria de energia Wood Mackenzie, citada pelo colunista, observou que mais da metade do fornecimento de energia asiática ainda vem do carvão, com a China construindo 100 GW de usinas movidas a carvão em 2022.
O Japão também está apostando no "carvão limpo" e, de acordo com a análise da empresa, a demanda por petróleo e gás na Ásia parece "resistente".
A Wood Mackenzie estima que a demanda asiática por petróleo crescerá 10% na próxima década, mesmo com as proezas chinesas em veículos elétricos e eficiência de combustível "transformar os sistemas de energia da Ásia é um desafio monumental".
Além disso, relata Woudhuysen, a demanda mundial por petróleo no mês passado superou seu último pico – 102,3 milhões de barris por dia alcançado em agosto de 2019. Ao mesmo tempo, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) acredita que a demanda global de petróleo aumentará para 110 milhões de barris por dia em cerca de 20 anos.
Logotipo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) do lado de fora da sede da organização em Viena, Áustria, 3 de março de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 14.07.2023
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Por fim, na opinião de Woudhuysen, a ideia da Agência Internacional de Energia (AIE) de que não serão necessários novos campos de petróleo e gás para fornecer eletricidade a todo o mundo é basicamente "absurda", já que segundo análise da própria entidade, quase metade das reduções de emissões previstas para 2050 virão de "tecnologias em fase de protótipo ou demonstração", ou seja, ainda não disponíveis no mercado.
As tecnologias disponíveis – como carros elétricos substituindo carros a gasolina – não estão se espalhando o suficiente para realmente reduzir a demanda por petróleo e gás, e os governos "não seriam capazes de forçar centenas de milhões de pessoas em todo o mundo a mudarem seus hábitos", como baixando a temperatura em suas casas ou limitando o uso do carro para reduzir o uso de combustível.
É por isso que, resume Woudhuysen, a transição para a energia limpa é baseada em um "pensamento mágico", onde será necessária não só novas políticas e tecnologias como um movimento em massa da população de conscientização e mudança de hábitos.
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Até o momento, o mundo mostra que precisará de mais combustíveis fósseis no futuro, não menos. As licenças adicionais do mar do Norte apontam essa realidade, "mas precisaremos ser muito mais ambiciosos se quisermos atender às nossas crescentes necessidades de energia", conclui.
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