Sanções contra a Rússia são 'armas de guerra' que criam novos problemas, diz representante africana
10:03 22.08.2023 (atualizado: 15:11 22.08.2023)
© iStock.com / alfexeSanções ocidentais contra a Rússia
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Em entrevista à Sputnik, Busisiwe Mabuza, presidente do Conselho Empresarial do BRICS, afirmou que as sanções contra a Rússia são "armas de guerra" que não resolvem os problemas, mas sim criam novos.
Busisiwe Mabuza afirmou que muitos de seus colegas seguem interessados em trabalhar com a Rússia na exportação de produtos agrícolas, mas reconhece que muitos deles ficaram preocupados com as sanções impostas pelo Ocidente.
"Sei que meus colegas têm grande interesse em vender mais produtos agrícolas para a Rússia. Mas as empresas que negociam com a Rússia ficaram muito preocupadas com as sanções unilaterais impostas, principalmente porque os bancos sul-africanos vêm e dizem: fazemos parte do sistema SWIFT que vai para a América, então não podemos ajudar de forma alguma [...]", observou Mabuza.
Ela também afirmou que as sanções estão criando outros problemas, inclusive afetando a subsistência das pessoas, já que as negociações com a Rússia correm o risco de ser suspensas, fazendo com que a receita das empresas não seja como o esperado.
"[As sanções] são uma agressão. Na minha opinião, não acredito que você resolva um problema causando outro. Você senta e resolve esse problema, por isso os líderes africanos enviaram uma delegação para se reunir com o líder ucraniano e o líder russo. [...] Vemos que impor sanções causa novos problemas. Não resolve nada. Sendo assim, eu não apoio as sanções", ressaltou.
Além disso, ela também enfatizou que as sanções contra a Rússia não passam de uma arma de guerra e que é preciso encontrar outras formas para resolver as questões pendentes.
"Acredito que [as sanções] foram usadas como arma de guerra. Precisamos encontrar outras formas de fazer as coisas", enfatizou.
Importância do multilateralismo
Mabuza também destacou que o BRICS mostra ao mundo a real importância do multilateralismo.
"Eu não gosto de pensar que seja uma alternativa. Eu prefiro pensar que seja uma demonstração ao mundo de como as coisas deveriam ser feitas, que o multilateralismo é importante. O multilateralismo, o respeito mútuo é absolutamente a melhor maneira", declarou.
Segundo a presidente do Conselho Empresarial do BRICS, é justamente por isso que todos estão observando o relacionamento entre as nações do bloco.
"O relacionamento entre as nações do BRICS e o que [o bloco] tem feito pelas nações ao nível humano, o que tem feito pelas nossas respectivas nações em termos de nossas economias e como interagimos uns com os outros de uma maneira respeitosa, de uma maneira mutuamente benéfica. Eu acredito que vá influenciar parcialmente muitas das nações que estão prontas para se juntar ao BRICS, pois eles estão vendo como o mundo pode ser se o multilateralismo for sustentado", explicou.
A cúpula do BRICS ocorre em um momento em que países como a Rússia e a China impulsionam a nível mundial uma nova ordem baseada no multilateralismo, livre da hegemonia econômica, militar e política ditada por Washington.
A 15ª Cúpula do BRICS começou hoje (22) e se prolongará até o dia 24 de agosto em Joanesburgo, na África do Sul.