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Brigadas de Assistência às Forças de Segurança: por que EUA tramam expandi-las na América Latina?

© Foto / Sd Santos Carneiro/Comando Militar do SudesteMilitares brasileiros e norte-americanos realizam assalto aeromóvel em SP
Militares brasileiros e norte-americanos realizam assalto aeromóvel em SP - Sputnik Brasil, 1920, 29.09.2023
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Os EUA anunciaram que uma força de elite que já operou na Colômbia, Panamá e Honduras poderá atuar em outros três países da região. O especialista Aníbal García contou à Sputnik que este tipo de iniciativa procura impedir o avanço da China e da Rússia e "garantir clientes" para a indústria militar norte-americana.
Criadas em 2017 para auxiliar as forças militares no Afeganistão e Iraque, as Brigadas de Assistência às Forças de Segurança (SFAB, na sigla em inglês) pretendem expandir sua presença na América Latina, adicionando novos países às suas operações.
Um documento do Exército dos EUA datado de agosto de 2023 e divulgado pela revista semanal uruguaia Búsqueda indica que, depois de se estabelecer na Colômbia, Honduras e Panamá, esta divisão pretende "se expandir para o Equador, Peru e Uruguai".
O plano aparece publicamente em uma brochura das SFAB publicada em julho que explica que a 1ª Brigada está alinhada com o Comando Sul, a divisão do Exército dos EUA designada para operações na América Latina e Caribe.
"Durante o próximo ano, a 1ª SFAB manterá uma presença persistente na Colômbia, Honduras e Panamá e também se expandirá de forma secundária no Peru, Equador e Uruguai", indica o documento.
O mesmo texto assegura que a expansão destas forças na região latino-americana "aumentará a presença de assessores, seguirá desenvolvendo a capacidade dos parceiros e manterá os Estados Unidos como o parceiro de escolha". O documento indica especificamente que uma maior presença de 'assessores' desta força ajudará a neutralizar a influência de outras nações".
"Pelo menos desde Obama, embora tenha sido reforçada com Donald Trump e agora com Joe Biden, a estratégia de segurança dos EUA visa afastar ou, pelo menos, impedir que outras potências estrangeiras estejam na região", esclareceu, em diálogo com a Sputnik, Aníbal García, especialista em Estudos Latino-Americanos na Universidade Nacional Autônoma do México e pesquisador do Centro Estratégico Latino-Americano de Geopolítica.
O especialista apontou ainda como a administração Biden incluiu explicitamente referências à China e à Rússia como adversários geopolíticos, e lembrou que Washington costuma apontar a relação da Venezuela com estas potências como uma preocupação.
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Para García, o interesse dos EUA em não perder sua posição na região na área militar reside no fato de, nos últimos anos, "ter sido mais difícil para eles continuarem com esta política de segurança" nos países da região.
Segundo García, as "mudanças ideológicas" que a América Latina vem experimentando nos últimos anos dificultam experiências de décadas anteriores, como o Plano Colômbia ou a Iniciativa Mérida, que permitiram uma forte participação militar estadunidense no combate ao tráfico de drogas ou ao crime organizado.
Entretanto, além disso, existe um objetivo "estratégico" por trás do avanço da coordenação militar com países como o Equador e o Peru, como as SFAB planejam fazer. Segundo o analista, Washington está disputando intensamente a zona Ásia-Pacífico e, por isso, tenta controlar os países do continente americano que têm costa no Pacífico.
Nesse sentido, García mencionou as sucessivas aproximações dos EUA com os governos de Lenín Moreno (2017-2021) e Guillermo Lasso no Equador e também com o Chile.
Mas destacou especialmente o caso do Peru, um país que "tem uma estratégia de segurança de longa data com os Estados Unidos, que está entre os três ou quatro países latino-americanos que recebem mais financiamento militar e que tem um constante desembarque de tropas do Comando Sul".
O outro objetivo deste tipo de operações é, embora mais clássico, manter um contato próximo com as forças armadas locais para "as harmonizar" com as políticas norte-americanas.
"A harmonização das forças armadas da América Latina é algo que os EUA procuram desde a Guerra Fria. Por mais de 70 anos este tipo de presença de setores das forças armadas tem sido constante", sublinhou.
Neste quadro, este tipo de exercícios conjuntos serve também para garantir que os Estados Unidos não perdem o seu lugar como principal fornecedor de armas na América Latina para concorrentes como a China, que ainda longe de substituir Washington nesse mercado.
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"A China fez alguns acordos de caráter militar, mas é muito pouco comparado com os EUA, que continuam sendo o principal país fornecedor. É precisamente isso que eles não querem perder", disse García.

"O complexo militar-industrial é um dos elementos que faz girar a economia dos EUA e desde então eles têm estado muito interessados em garantir que este complexo siga assegurando clientes em diferentes partes do mundo", acrescentou.

Nos países onde chegam, os "assessores" das SFAB articulam-se com órgãos educativos e comandos superiores das forças armadas locais para organizar cursos e exercícios conjuntos.
Em março de 2023, por exemplo, tropas da 1ª SFAB viajaram com o Exército colombiano para a área de La Guajira – fronteira com a Venezuela – para "avaliar seus procedimentos e competências técnicas no planejamento e execução de missões de artilharia de campanha utilizando canhões de 155 milímetros", noticiou o site especializado Diálogo Américas.
Os assessores que as brigadas enviam aos países também devem passar, segundo eles mesmos, por um rigoroso processo de três anos no qual são avaliadas não só as suas capacidades militares, mas também as suas "competências de liderança".
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