Rússia e China 'devem tomar dianteira' para resolver conflito árabe-israelense, diz analista militar
20:17 07.10.2023 (atualizado: 08:17 10.10.2023)
© AP Photo / Mark SchiefelbeinBandeiras russa e chinesa sobre uma mesa antes de uma cerimônia de assinatura no Grande Salão do Povo, em Pequim. China, 8 de junho de 2018
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Em 7 de outubro, no 50º aniversário da Guerra do Yom Kippur, o Hamas lançou uma ofensiva contra Israel. Em resposta, o Exército israelense anunciou o início de "uma operação antiterrorista" e, posteriormente, de uma guerra. Especialista militar chinês Qin An disse à Sputnik quem está por trás dos conflitos armados em todo o mundo e como superá-los.
"Já há muitas mortes, feridos, sequestros e destruição hoje [7], com vítimas palestinas e israelenses, e no meio deste fiasco, o Ocidente, principalmente os EUA, está mexendo os pauzinhos e colocando lenha na fogueira", declarou Qin An.
Segundo o especialista chinês, os Estados Unidos, que sempre foram protagonistas nesse conflito, e "permanecem completamente do lado de Israel" em vez de trabalhar ativamente para resolver o problema israelo-palestino, estão fazendo todo o possível para ajudar os neonazistas da Ucrânia, colocando os povos irmãos da Ucrânia e da Rússia uns contra os outros em mais uma tragédia humana.
Nessas circunstâncias, continuou o analista, os "seis princípios" do presidente da Rússia, Vladimir Putin (os tópicos geopolíticos da Rússia que o líder anunciou no âmbito do Clube Valdai de Discussões Internacionais), assumem um enorme significado, uma vez que são muito compatíveis com os cinco princípios de coexistência pacífica e construção de uma comunidade de destino comum humano.
A Rússia e a China, "ombro a ombro e costas com costas", passarão da oposição conjunta às "regras hegemônicas" para o desenvolvimento conjunto de "novas e qualitativas regras de paz".
Nesse sentido, na opinião do especialista, a crise ucraniana, o problema sírio e o conflito israelo-palestino são três "pontos de referência".
Os "seis princípios de Putin", segundo o especialista chinês, são:
Abertura: a vida deve ser vivida num mundo aberto e interligado, no qual ninguém tente erguer barreiras artificiais ao intercâmbio, à realização criativa e ao florescimento humano;
Diversidade: espera-se que a diversidade mundial não só seja preservada, mas que se torne a base do desenvolvimento comum;
Autonomia: a que defende a representação mais ampla possível e o direito de ninguém governar o mundo em nome de outros;
Paz: a que favorece a segurança universal e a paz duradoura baseada no respeito pelos interesses de todos os países, na libertação das relações internacionais do controle dos blocos, do legado da era colonial e da Guerra Fria;
Justiça: a que defende a equidade para todos;
Igualdade entre os Estados.
Na opinião do analista chinês, para travar "o comportamento fanático dos Estados Unidos, que provoca conflitos em todo o mundo", é necessário compreender o truque básico do "bullying" norte-americano, que consiste em tomar o direito internacional como um "fantoche nas próprias mãos, usá-lo quando for útil e jogá-lo fora quando não for lucrativo".
"Os políticos americanos perderam a cabeça, querem até encontrar uma lei internacional que possam usar em seu benefício. Essa é a chamada 'ordem internacional baseada em regras [deles]'", sublinhou Qin An.
Nesse sentido, Moscou e Pequim podem agir de forma mais proativa, utilizando os "seis princípios" de Putin, combinando-os com os cinco pontos chineses de coexistência pacífica e construindo uma comunidade de destino comum para a humanidade, e tomando como exemplos a crise da Ucrânia, a questão síria e o conflito israelo-palestino.
Assim, na questão síria, os dois Estados podem inaugurar uma nova era de "apoio antiamericano à Síria", mobilizando cada vez mais forças para ajudar Damasco e dissuadir a agressão ocidental nas frentes ideológica, econômica e militar.
"Devemos tomar a iniciativa de estabelecer as regras. Ao mesmo tempo, a crise ucraniana e o conflito israelo-palestino também podem usar a elaboração proativa de regras para travar uma guerra justa", resumiu.